Aos 12 anos, em pleno alto verão do Rio de janeiro, a carioca Jô ia de calça comprida e blusa de manga comprida para a escola. Queria esconder as cicatrizes deixadas pela surra da mãe. "Sapatão!", gritava. Jô diz que apanhava por ser gay, sem ainda entender o significado da palavra. Chegou a ser internada num hospício, de onde conseguiu fugir. A mãe a encontrou e a acusou de "delinquente". A denúncia lhe rendeu uma temporada numa casa de detenção. "Vi coisas lá que não desejo a ninguém", diz. Aos 16 anos, foi estuprada por um homem que dizia que "iria dar um jeito nela". Jô engravidou do estuprador e seu filho hoje está com 25 anos. Depois morou um ano na rua. Tudo passou. A funcionária pública, aos 43 anos, afirma que sua história é de superação. Diz ter encontrado s paz na Igreja Contemporânea, uma congregação evangélica que aceita homossexuais. "Usei cada pedra atirada para construir meu castelo."
Fonte: Revista Época, nº 668 - pág.99
Nenhum comentário:
Postar um comentário