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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Texto da Thatyana Tojal

Essa noite pensando, pensando e pensando cheguei a seguinte conclusão:
Quando as palavras não vem, o rosto se fecha e os olhos se afogam. Quando o silêncio toma conta do nosso desespero, o nosso interior se desaba. O fim do mundo é todos os dias para quem sente muito, para quem demonstra pouco, para quem se esconde atrás de sorrisos que se desmancham ao entardecer. O fim do mundo não é nada mais do que o nosso próprio interior se remoendo, se despedaçando, se desmanchando por algo que muitas vezes não sabemos nem sequer explicar, mas sentimos, sentimos muito mesmo por isso.

Podemos morrer afogados em lágrimas, podemos morrer queimados pelo orgulho ou podemos morrer com o coração congelado pelo nosso medo. Medo esse que muitas vezes nos impede de ir mais além, orgulho esse que muitas vezes nos impossibilita de nos dar uma nova chance, lágrimas que lavam a nossa alma e secam o nosso coração, assim sem nenhuma remediação.
O fim do mundo está diante dos nossos olhos, escorrega pelo nosso exterior e se esconde no nosso interior.

Não há quem comprove tamanha catástrofe humana, não há quem explique profundo sentimento. O buraco é grande, sem tamanho e dificilmente será preenchido. Cada um carrega uma dor diferente, com intensidades diferentes e uma cicatriz que nunca se cura, sem profundidade internas e externas. Nós somos mortais a vida inteira, vivemos e morremos a cada dia sem uma explicação definida. Não há quem nos impeça de sentir. O fim do mundo acontece todos os dias, aos poucos e, praticamente ninguém sente além de nós mesmos.
 

Poema de Mari Alexandre


Passa-se a vida inteira, tentando se encontrar,
se satisfazer, se compreender, se apreciar.
Sou difícil.
Sou interessante.
Sou exclamação e interrogação.
Gosto de coisas, deixo de gostar.
Encanto-me por pessoas, deixo de me encantar.
Meus interesses e desinteresses mudam rapidamente.
Preciso estar atenta para me acompanhar,
sem que me perca.
Sou custosa.
Sou exigente.
E encaixar o outro em mim, não é tarefa das mais fáceis…
O medo maior é de ter que mudar em mim.
Viver é desafiar o próprio EU.
 
 
 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sequelas / Diga Não à Pedofilia

Felizmente, os danos físicos permanentes como consequência do abuso sexual são mais raros. A recuperação emocional dependerá, em grande parte, da resposta familiar ao incidente. As reações das crianças ao abuso sexual diferem com a idade e com a personalidade de cada uma, bem como com a natureza da agressão sofrida. Um fato curioso é que, algumas (raras) vezes, as crianças não são tão perturbadas por situações que parecem muito sérias para seus pais.
O período de readaptação depois do abuso pode ser difícil para os pais e para a criança. Muitos jovens abusados continuam atemorizados e perturbados por várias semanas, podendo ter dificuldades para comer e dormir, sentindo ansiedade e evitando voltar à escola.

As principais sequelas do abuso sexual são de ordem psíquica, sendo um relevante fator na história da vida emocional de homens e mulheres com problemas conjugais, psicossociais e transtornos psiquiátricos.

Antecedentes de abuso sexual na infância estão fortemente relacionados a comportamento sexual inapropriado para idade e nível de desenvolvimento, quando comparado com a média das crianças e adolescentes da mesma faixa etária e do mesmo meio sociocultural sem história de abuso.

Em nível de traços no desenvolvimento da personalidade, o abuso sexual infantil pode estar relacionado a futuros sentimentos de traição, desconfiança, hostilidade e dificuldades nos relacionamentos, sensação de vergonha, culpa e auto-desvalorização, à baixa autoestima à distorção da imagem corporal, Transtorno Borderline de Personalidade e Transtorno de Conduta.

Em relação a quadros psiquiátricos francos, o abuso sexual infantil se relaciona com o Transtorno do Estresse Pós-traumático, com a depressão, disfunções sexuais (aversão a sexo), quadros dissociativos ou conversivos (histéricos), dificuldade de aprendizagem, transtornos do sono (insônia, medo de dormir), da alimentação, como por exemplo, obesidade, anorexia e bulimia, ansiedade e fobias."

Autor Desconhecido

Danusa





sexta-feira, 15 de novembro de 2013

POEMA DE MARI ALEXANDRE

Se eu fosse escrever
uma carta para o meu amor,
começaria por contar que os
meus dias não são mais os mesmos.
A vida que sempre foi linda e encantada,

algo ficou diferente nela.
Todo este mistério,
não quero decifrar.
Contaria que o brilho de seus olhos,
iluminam o meu olhar.
Que o seu sorriso largo, é a beleza
que faz florescer os meus dias.
Que viver sem ele,
tudo perderia o mistério dessa magia,
que tanto me faz feliz.
Que o sentimento que brotou
aqui dentro é novo,
diferente de tudo jamais sentido.
Não sei que nome dar a este sentimento.
que me faz sentir como se não fosse mais
um só ser.
Que gostaria de continuar sentindo tudo
isso: hoje, amanhã e depois de amanhã.
Até quando for bom sentir.
O meu sorriso é fruto de seu riso.
E terminaria agradecendo por estar me colhendo e,
acolhendo nesse sentimento
tão bom de viver.
Esse sentimento que me faz sentir uma estrela
no chão.


 

NOVA HISTÓRIA NO BLOG DE DEPOIMENTOS

Esse depoimento não é  sobre o abuso sexual, mas sobre uma outra violência muito cruel: o bullying.
Samantha me escreveu elogiando a coragem de todos e pediu para postar sua história, o  que estou fazendo. Muito obrigada, Samantha, pelo apoio e pelo carinho!!!

domingo, 3 de novembro de 2013

10 dicas para aliviar o sofrimento emocional / EscolaPsicologia

Todos os dias somos expostos a acontecimentos de vida que nos fazem disparar reações emocionais. Se alguns desses acontecimentos forem interpretados como perda, trauma, fracasso, falhas, frustração, medo, deceção, certamente experimentamos sofrimento emocional em todos os tipos de formas, como tristeza, ansiedade, vícios, obsessões improdutivas, compulsões indesejadas, comportamentos recorrentes de autosabotagem, doenças físicas, aborrecimento, assim como todos os tipos de raiva ou humor diminuído. O que nos pode ajudar a aliviar esse sofrimento?
Certamente alguns tipos de medicação e terapia podem ajudar quem sofre. Mas, aparte destas duas possibilidades, existem alguns passos e estratégias que cada um de nós pode implementar na sua vida para aliviar ou superar o sofrimento emocional.
1. SEJA VOCÊ MESMO
Seja fiel aos seus objetivos, aos seus valores, sonhos e perspetiva de futuro. Isto significa saber aquilo que pretende realizar na sua vida, estabelecer limites, ter as suas próprias crenças e opiniões, vestir as roupas que você deseja vestir, defender as ideias que lhe fazem sentido. Seja genuíno na sua dor, na expressão das suas emoções. Perceba o que mexe consigo, o que o faz saltar da cama pela manhã? O que você defende com unhas e dentes? O que o mantém focado nos seus objetivos? O que você faz que lhe dá alegria?
Quando investimos no autoconhecimento, quando sabemos quem queremos ser, como agir e o que sentir, ficamos mais capacitados para nos orientarmos deliberadamente pelos caminhos mais tortuosos da vida. Ficamos mais capazes de nos orientarmos em momentos confusos.

2. INVENTE A SI MESMO
Quando percebemos que a nossa vida está a tomar o rumo que não desejamos ou que alguns dos nossos comportamentos nos prejudicam a vida, é importante que tomemos consciência que certamente algumas das nossas decisões contribuíram para o estado em que nos encontramos. Apesar de toda a dor emocional daí advinda, algo maior emerge: a possibilidade de fazermos algumas coisas de forma diferente no sentido de ir ao encontro do rumo que queremos que a nossa vida tome. Isto é altamente capacitador e esperançador.
Você tem atributos, capacidades e inclinações que são moldadas num determinado ambiente e que no passado podem ter-lhe sido úteis. Mas, se em algum momento da sua vida tudo parece correr mal, você beneficia em questionar-se: “Ok, isto é aquilo que me é familiar e foi o que eu aprendi, mas agora serve-me? Esta é a forma como quero continuar a pensar, agir e sentir?” Você pode conseguir reduzir o sofrimento emocional ao decidir comportar-se de forma a experimentar menos angústia emocional: uma pessoa mais calma, uma pessoa menos crítica, uma pessoa menos egoísta, uma pessoa mais produtiva, uma pessoa menos autoabusiva, e assim por diante.

3. AMAR E SER AMADO
O nosso desenvolvimento e crescimento beneficia enormemente do contato físico, do afeto, da interação. Somos seres gregários, temos um enorme ímpeto para viver em sociedade. Estamos desenhados para criarmos laços, sintonias, cumplicidades. Na base de tudo isto está o amor. Sentimo-nos mais felizes, mais confortáveis e melhor, vivemos mais tempo, e experienciamos a vida como mais significativa se amarmos e nos deixarmos ser amados. Devemos ter a nossa individualidade, como expliquei no ponto 1 e 2, mas também devemos relacionar-nos de forma afetuosa. Para fazer ambas as coisas, tanto para expressarmos a nossa individualidade ou para nos relacionarmos, exige que reconheçamos a realidade dos outros, incluir os outros nos nossos planos, não apenas falar as nossas ideias e preocupações, mas também ouvir para mais facilmente adaptarmo-nos às mudanças e sentirmo-nos enquadrados e bem inseridos no meio que nos rodeia.

4. GANHAR CONTROLE SOBRE A SUA MENTE 
Não podemos impedir que alguns acontecimentos na nossa vida nos causem dor emocional. No entanto, a maior causa de sofrimento emocional recorrente é aquilo que pensamos acerca dos nossos pensamentos. Importa aprender a identificar os pensamentos que não nos servem, abrindo uma disputa com os mesmos, ou simplesmente não os seguir, e consequentemente substituí-los por outros pensamentos mais úteis e saudáveis. Pensar acerca de pensamentos que não lhe servem é o equivalente a promover o seu sofrimento emocional. Somente você pode obter um controle sobre a sua própria mente, se não fizer esse trabalho, irá aumentar a probabilidade de viver uma vida sofrida.

5. DEIXE IR O PASSADO DOLOROSO
Nós não somos totalmente imunes ao sofrimento, e com isso por vezes não conseguimos impedir que o impacto emocional de acontecimentos passados se expresse no presente. Nós não podemos não sentir. A dor emocional tem várias formas de nos importunar, como suores, pesadelos, tristeza repentina, ondas de raiva, sentimento de derrota ou perda, desânimo, falta de energia. Mas podemos, no entanto, tentar libertar-nos da angústia do passado e evitar chafurdar na dor anteriormente sofrida. Devemos forçar-nos a seguir em frente. Se você desenvolveu alguns gatilhos que fazem disparar memórias dolorosas, a qualquer momento isso irá abrir as feridas emocionais anteriormente infligidas.
Se você recorrentemente é importunado pelo seu passado, importa tomar algumas medidas. Talvez você necessite de reinterpretar os acontecimentos que estão na base do seu sofrimento ou aceitar as perdas dai advindas. Se você é muito reativo, ressentido e amargurado, eventualmente sentido-se vítima da sua história, invista na reestruturação do seu passado e liberte-se das mágoas antigas.

6. APRENDA A REGULAR A ANSIEDADE
Como já referi anteriormente, não podemos não sentir. O mesmo se aplica aos sintomas da ansiedade. Batimento cardíaco acelerado, nó na garganta, aperto no estômago, respiração ofegante, sudação, agitação motora, irritabilidade, todas estas sensações corporais expressam a vivência das memórias que fazem disparar a dor emocional. Existem muitas técnicas e estratégias de redução da ansiedade que você pode praticar, como técnicas de respiração, técnicas cognitivas, técnicas de relaxamento, e assim por diante, mas o que vai fazer toda a diferença é você não ficar alarmado com os sintomas sentidos, tentando contextualizar o momento de vida que está a atravessar e perceber que tem ao seu dispor a capacidade de autoregular-se e tomar as rédeas dos seus comportamentos.
Importa ainda que abandone a mentalidade de vítima, caso isto se aplique a você. Deixe de catastrofizar as suas adversidades de vida. A mudança de mentalidade pode promover a sua capacidade para regular os sintomas da ansiedade para níveis aceitáveis e com isso promover o seu equilíbrio emocional. Não ignore as suas dores ou as suas dificuldades, capacite-se e aprenda a fazer coisas para regular os seus estados internos para níveis funcionais.
  
7. ESTABELECER SIGNIFICADOS DELIBERADOS
Alguns de nós, por vezes, ganhamos a noção de que temos de procurar ou encontrar significado para a nossa vida, como se fosse algo que estivesse perdido ou já estivesse realizado. Podemos ter muito mais significado na nossa vida, se pararmos de procurá-lo, como se estivesse perdido ou como se alguém soubesse mais sobre ele do que nós. Importa perceber que nós temos o poder para influenciar o significado que damos às coisas e até mesmo contribuir ativamente e deliberadamente para a sua criação. Ao investirmos diariamente em ações em que perspetivamos um resultado que nos reforça, que nos faz bem ou que desejamos, certamente estamos a contribuir ativamente para a construção de um significado ou propósito de vida. Quando olhamos para a vida como significativa e com propósito, ficamos mais aptos a lidar com os abalos da vida e a sentir que os esforços que realizamos valem a pena. Quando aprendemos a arte de valorizar, baseado na decisão deliberada de construir significado nas nossas ações, atividades, envolvimento, caminhamos na vida com a convicção que podemos influenciar positivamente o retorno daquilo a que damos significado.

8. CUIDADO COM O SEU HUMOR, ORIENTE-SE PELOS SEUS OBJETIVOS
Se você conseguir entender que o significado que atribui às coisas é mais importante para guiar a sua vida do que o estado de humor diminuído que por vezes se encontra, fica mais apto a lidar com o sofrimento emocional. Ao invés de dizer “Eu estou abatido e sem vontade” você pode lembrar-se dos seus objetivos, e dizer: “Eu tenho o meu negócio para construir” ou “Eu tenho os testes dos alunos para corrigir” Com este tipo de atitude a guiá-lo, você começa cada dia, anunciando a si mesmo exatamente o que pretende realizar e que lhe faz sentido. Como você pretende lidar com as tarefas diárias, como você pretende relaxar, como você pretende agir em sociedade, em suma, como você quer passar o seu dia?
Se você considerar que pode influenciar o seu estado de humor, ou fazer o que tem a fazer de acordo com aquilo a que se propôs, mesmo não sentido vontade para realizar nada, fica numa posição mais capacitadora para enfrentar o seu dia. Quando você consegue fazer o exercício de separar-se de alguns dos seus estados mais incapacitantes, quando você percebe que não é os seus estados, e que pode orientar-se muito mais pelos seus objetivos do que pelos seus estados de humor (que são flutuantes) certamente está a contribuir para a redução do seu sofrimento emocional. Oriente-se mais sobre as suas intenções e menos pelos seus estados de humor negativos.

9. ATUALIZE A SUA PERSONALIDADE 
Você pode não ser a pessoa que você gostaria de ser. Você pode estar mais nervoso do que você gostaria de estar, mais impulsivo, mais disperso, mais autosabotador, mais indisciplinado. Se assim for, você precisa de um atualizar alguns traços da sua personalidade, o que, naturalmente, só você pode fazer. Escolha uma característica da sua personalidade que gostaria de atualizar e, em seguida, faça a seguinte pergunta: Que pensamentos e ações estão mais alinhados com os meus objetivos e com aquilo a que eu dou significado? Em seguida, tente perceber que pensamentos mais adequados você tem de implementar, e que medidas tem de tomar para colocar esses mesmos pensamentos em prática. Desta forma, você implementa um conjunto de pensamentos e formas de agir que permitem aliviar o seu sofrimento emocional.

10. LIDAR COM AS CIRCUNSTÂNCIAS
As circunstâncias que enfrentamos inevitavelmente têm um determinado peso na nossa reação emocional. Não podemos ignorar as circunstâncias.  A nossa situação económica importa, o nosso relacionamento importa, as nossas condições de trabalho importam, a nossa saúde importa. Muitas circunstâncias estão completamente fora do nosso controle, e muitas estão sob o nosso controle. Podemos mudar de emprego ou de carreira, divorciarmo-nos, podemos perder peso, podemos irritar-nos ou manter a calma, podemos fazer exatamente aquilo que achamos que podemos fazer para melhorar as nossas circunstâncias. Como resultado dessas melhorias, sentimo-nos emocionalmente melhor. O alivio do sofrimento emocional exige que você tome uma ação real no mundo real.

CONCLUINDO
Todos nós em determinado momento das nossas vida vamos ser alvo do sofrimento emocional, não temos como fugir a esta realidade. Importa saber que temos ferramentas à nossa disposição para em tempo útil aliviar o sofrimento emocional e com isso perceber que temos a capacidade de ajudar a nós mesmos em momentos dolorosos. Você pode compreender a si mesmo, pode estabelecer objetivos e agir em sintonia, pode aprender com a experiência, pode crescer e superar a dor infligida. Naturalmente, nada disto é verdade se você não estiver disposto a fazer o trabalho necessário. Mas se você quiser melhorar, tem uma excelente oportunidade de reduzir o seu sofrimento emocional e promover a sua saúde emocional.


Autor


Licenciado em Psicologia, exerce em clínica privada. É também preparador mental de atletas e equipas desportivas, treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo.