Queridos amigos: vou ficar em recesso por um tempo. Faz seis anos que fundei a comunidade e sinto que o meu rendimento caiu muito, devido aos problemas de saúde e pessoais. Preciso de forças para me renovar e é isso que estou buscando. Somente continuarei escrevendo no Blog "Diário de uma filha do silêncio / Bya Albuquerque". A quem visita o blog, sugiro a leitura de postagens mais antigas também. Sejam sempre muito bem vindos aqui e até a volta. Abraço carinhoso, Bya Albuquerque.
Esse blog não trata só de abusos, principalmente sexual. Há um segundo blog com os depoimentos. É claro que o tema é relevante, mas o blog trata de outros temas diversos, principalmente culturais.
sábado, 1 de novembro de 2014
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
DEPENDÊNCIA PODE LEVAR MULHER A FICAR COM AGRESSOR
Geralmente temos cinco a sete encontros com a pessoa até ela deixar o parceiro que a agride, de uma vez por todas
Até pouco tempo Janay Palmer Rice, 26, era pouco conhecida. Era a parceira de Ray Rice, jogador do time de futebol americano Baltimore Ravens.
Mas, depois de o contrato de Rice ter sido encerrado pelo time, Janay tornou-se a esposa agredida mais famosa dos Estados Unidos, defensora ferrenha de seu marido e, para sobreviventes e especialistas em violência doméstica, um exemplo público extraordinário da complexa psicologia das mulheres maltratadas por homens.
"Saibam que vamos continuar a crescer e mostrar ao mundo o que é o amor verdadeiro", disse Janay no Instagram. "Tirar do homem que eu amo alguma coisa pela qual ele trabalhou a vida inteira seria horrendo. Nação Raven, amamos você!"
O post deixou implícito que a agressão que ela sofreu foi tirada de contexto, e não está claro se ela se vê como vítima.
Mas milhares de outras pessoas, incluindo sobreviventes de violência doméstica e terapeutas que as atendem, procuraram insights em sua própria experiência para tentar responder a uma pergunta:
- um homem bate em uma mulher com tanta força que ela cai ao chão, desmaiada, ele parece cuspir sobre o corpo dela, por que ainda ela se casaria com ele e ficaria ao seu lado após essa cena ter sido mostrada em todo o mundo?
A gerente de recursos humanos Beverly Gooden foi ao Twitter para explicar. "Tentei sair de casa uma vez, depois de uma agressão, e ele me impediu", ela escreveu a respeito de seu ex-parceiro, acrescentando o hashtag #whyistayed (#porquefiquei). "Achei que o amor superaria tudo", ela acrescentou em mensagem subsequente.
Outras sobreviventes de violência doméstica levaram o hashtag adiante e contaram as razões que as levaram a ficar com homens que as faziam sofrer. "Eu achava que era a única capaz de amar e curar esse homem", diz um post de Chicago.
Depois de divulgar seu post, Janay Rice afastou-se das redes sociais, fugindo do que descreveu como "negatividade". Mas sua história de vida pode ajudar a explicar suas ações: em aparições públicas e entrevistas, Janay pareceu ser apegadíssima a seu marido, que tem 27 anos, financeiramente dependente dele e totalmente investida nele.
Os dois se conheceram na adolescência, em Westchester, em Nova York. Começaram a namorar na primeira temporada de Rice com o Ravens, em 2008, e ela se mudou com ele para Baltimore, matriculando-se na Universidade Towsown, da região.
Antes de completar a faculdade ela engravidou. Os dois batizaram sua filha de Rayven, nome que sugere até que ponto ambos estavam totalmente envolvidos com a carreira de Rice.
Janay voltou às aulas e formou-se em comunicações, mas não se sabe se ela teve uma vida profissional independente. Em 2012, Rice assinou um contrato de US$ 35 milhões (R$ 84 milhões) com Ravens até 2017.
Vários especialistas em violência doméstica fizeram a ressalva de que há muito que não é sabido no caso dos Rice; para começar, não se sabe se o jogador de futebol bateu em sua mulher em mais de uma ocasião.
Mas disseram que a dependência econômica é um dos principais elementos que permitem prever se uma mulher vai deixar um parceiro que a agride.
"É incrivelmente difícil sair de uma relação quando você depende financeiramente do parceiro", disse Jacquelyn Campbell, professora da Universidade Johns Hopkins.
Em fevereiro, um ano após Ravens conquistar o Super Bowl, Ray Rice deixou Janay inconsciente num elevador em Atlantic City, em Nova Jersey (o vídeo parece mostrar Janay batendo nele ou o empurrando também, algo que, segundo especialistas, não é incomum em casos de violência doméstica).
Em março o jogador foi indiciado por agressão física, acusação passível de ser punida com três a cinco anos de prisão.
Testemunhar contra o jogador teria significado o fim de sua carreira no futebol americano, causando constrangimento ao time e possivelmente levando o pai de sua filha a parar na cadeia. Em vez disso, Janay Palmer casou-se com ele no dia seguinte ao indiciamento.
"Muitas vezes uma vítima fica tão dependente do parceiro para tudo que não consegue se imaginar sem ele", disse Ramani Durvasula, professora de psicologia na Universidade California State, em Los Angeles. "Não sei se alguma de nós teria força e coragem para resistir a uma organização de bilhões de dólares e ao homem que a gente ama."
Mas, agora que o vídeo da agressão circulou, Ray Rice foi afastado, sua carreira está em risco e o salário acabou.
Karma Cottman, diretora-executiva da Coalizão Contra a Violência Doméstica em Washington, teme que o questionamento público sobre o relacionamento possa prejudicar Janay.
Quando uma nova vítima chega procurando ajuda, contou Cottman, "a primeira coisa que queremos dizer é 'por que você não o larga, por que não cai fora?'". Mas é a abordagem errada, "porque o isolamento faz parte do ciclo da violência.
Geralmente temos cinco a sete encontros com a pessoa até ela deixar o parceiro que a agride, de uma vez por todas."
Texto de Jodi Kantor do "New York Times"
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/09/1524248-dependencia-pode-levar-mulher-a-ficar-com-agressor.shtml
Meu comentário:
O texto acima fala da dependência de uma esposa em relação ao marido, uma pessoa adulta, o que me fez pensar em como deve ser muito mais difícil para uma criança, ou um/uma adolescente se livrar do agressor, quando ele é o pai, ou alguém muito próximo.
Não deve ser fácil, por isso deixo meu pedido: DENUNCIE!
Até pouco tempo Janay Palmer Rice, 26, era pouco conhecida. Era a parceira de Ray Rice, jogador do time de futebol americano Baltimore Ravens.
Mas, depois de o contrato de Rice ter sido encerrado pelo time, Janay tornou-se a esposa agredida mais famosa dos Estados Unidos, defensora ferrenha de seu marido e, para sobreviventes e especialistas em violência doméstica, um exemplo público extraordinário da complexa psicologia das mulheres maltratadas por homens.
"Saibam que vamos continuar a crescer e mostrar ao mundo o que é o amor verdadeiro", disse Janay no Instagram. "Tirar do homem que eu amo alguma coisa pela qual ele trabalhou a vida inteira seria horrendo. Nação Raven, amamos você!"
O post deixou implícito que a agressão que ela sofreu foi tirada de contexto, e não está claro se ela se vê como vítima.
Mas milhares de outras pessoas, incluindo sobreviventes de violência doméstica e terapeutas que as atendem, procuraram insights em sua própria experiência para tentar responder a uma pergunta:
- um homem bate em uma mulher com tanta força que ela cai ao chão, desmaiada, ele parece cuspir sobre o corpo dela, por que ainda ela se casaria com ele e ficaria ao seu lado após essa cena ter sido mostrada em todo o mundo?
A gerente de recursos humanos Beverly Gooden foi ao Twitter para explicar. "Tentei sair de casa uma vez, depois de uma agressão, e ele me impediu", ela escreveu a respeito de seu ex-parceiro, acrescentando o hashtag #whyistayed (#porquefiquei). "Achei que o amor superaria tudo", ela acrescentou em mensagem subsequente.
Outras sobreviventes de violência doméstica levaram o hashtag adiante e contaram as razões que as levaram a ficar com homens que as faziam sofrer. "Eu achava que era a única capaz de amar e curar esse homem", diz um post de Chicago.
Depois de divulgar seu post, Janay Rice afastou-se das redes sociais, fugindo do que descreveu como "negatividade". Mas sua história de vida pode ajudar a explicar suas ações: em aparições públicas e entrevistas, Janay pareceu ser apegadíssima a seu marido, que tem 27 anos, financeiramente dependente dele e totalmente investida nele.
Os dois se conheceram na adolescência, em Westchester, em Nova York. Começaram a namorar na primeira temporada de Rice com o Ravens, em 2008, e ela se mudou com ele para Baltimore, matriculando-se na Universidade Towsown, da região.
Antes de completar a faculdade ela engravidou. Os dois batizaram sua filha de Rayven, nome que sugere até que ponto ambos estavam totalmente envolvidos com a carreira de Rice.
Janay voltou às aulas e formou-se em comunicações, mas não se sabe se ela teve uma vida profissional independente. Em 2012, Rice assinou um contrato de US$ 35 milhões (R$ 84 milhões) com Ravens até 2017.
Vários especialistas em violência doméstica fizeram a ressalva de que há muito que não é sabido no caso dos Rice; para começar, não se sabe se o jogador de futebol bateu em sua mulher em mais de uma ocasião.
Mas disseram que a dependência econômica é um dos principais elementos que permitem prever se uma mulher vai deixar um parceiro que a agride.
"É incrivelmente difícil sair de uma relação quando você depende financeiramente do parceiro", disse Jacquelyn Campbell, professora da Universidade Johns Hopkins.
Em fevereiro, um ano após Ravens conquistar o Super Bowl, Ray Rice deixou Janay inconsciente num elevador em Atlantic City, em Nova Jersey (o vídeo parece mostrar Janay batendo nele ou o empurrando também, algo que, segundo especialistas, não é incomum em casos de violência doméstica).
Em março o jogador foi indiciado por agressão física, acusação passível de ser punida com três a cinco anos de prisão.
Testemunhar contra o jogador teria significado o fim de sua carreira no futebol americano, causando constrangimento ao time e possivelmente levando o pai de sua filha a parar na cadeia. Em vez disso, Janay Palmer casou-se com ele no dia seguinte ao indiciamento.
"Muitas vezes uma vítima fica tão dependente do parceiro para tudo que não consegue se imaginar sem ele", disse Ramani Durvasula, professora de psicologia na Universidade California State, em Los Angeles. "Não sei se alguma de nós teria força e coragem para resistir a uma organização de bilhões de dólares e ao homem que a gente ama."
Mas, agora que o vídeo da agressão circulou, Ray Rice foi afastado, sua carreira está em risco e o salário acabou.
Karma Cottman, diretora-executiva da Coalizão Contra a Violência Doméstica em Washington, teme que o questionamento público sobre o relacionamento possa prejudicar Janay.
Quando uma nova vítima chega procurando ajuda, contou Cottman, "a primeira coisa que queremos dizer é 'por que você não o larga, por que não cai fora?'". Mas é a abordagem errada, "porque o isolamento faz parte do ciclo da violência.
Geralmente temos cinco a sete encontros com a pessoa até ela deixar o parceiro que a agride, de uma vez por todas."
Texto de Jodi Kantor do "New York Times"
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/09/1524248-dependencia-pode-levar-mulher-a-ficar-com-agressor.shtml
Meu comentário:
O texto acima fala da dependência de uma esposa em relação ao marido, uma pessoa adulta, o que me fez pensar em como deve ser muito mais difícil para uma criança, ou um/uma adolescente se livrar do agressor, quando ele é o pai, ou alguém muito próximo.
Não deve ser fácil, por isso deixo meu pedido: DENUNCIE!
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Reportagem da REVISTA CATEDRAL / Francielly Martins Zaluski
É INCRÍVEL COMO UMA REVISTA CATÓLICA PODE FAZER DIFERENÇA, SEM SER PARCIAL E SEM TABUS. E PRINCIPALMENTE SEM OMISSÃO SOCIAL. EU JÁ FUI CONVIDADA PARA VÁRIOS PROGRAMAS DE TV E VÁRIAS ENTREVISTAS, PORÉM CONCORDEI EM DAR SOMENTE UMA, PARA A REVISTA ISTO É, ATRAVÉS DA QUAL CONHECI PESSOAS INCRÍVEIS. FRANCIELLY ME PROCUROU PEDINDO PARA USAR ALGUNS DEPOIMENTOS DO SEGUNDO BLOG, ONDE TODOS OS DEPOIMENTOS QUE ME FORAM ENVIADOS ESTÃO SOB PSEUDÔNIMO. E PEDIU PARA QUE EU RESUMISSE A MINHA HISTÓRIA. ACABEI DEIXANDO ALGUNS FATOS DE FORA (ESQUECENDO), MAS O RESUMO FOI COLOCADO NA ÍNTEGRA. É BOM SABER QUE TEMOS VOZ...SEM SERMOS APELATIVOS...
______________________________________________________________________
PEDOFILIA:
DIGA NÃO!
O perfil é do típico “gente boa”,
politicamente correto, inserido na
sociedade, com profissão e renda,
alguns casados e com filhos,
acima de qualquer suspeita. Eles
se aproximam sorrateiramente,
ganham a confiança da criança,
e em seguida arrancam sua
inocência e infância.
O PERIGO MORA AO LADO
Em março deste ano o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada - IPEA divulgou o estudo Estupro no Brasil.
A pesquisa estima que pelo menos 527 mil pessoas
são estupradas por ano no Brasil. Deste total, 70% são
crianças e adolescentes mas apenas 10% dos casos
chegam ao conhecimento da polícia.
A impunidade é ainda mais frequente quando o crime é
cometido por um membro da família ou pessoa próxima
à criança. Por medo e por vergonha o crime é silenciado
e o criminoso fica impune para continuar a prática com
aquela e outras crianças.
De modo geral, 70% dos estupros são cometidos por
parentes, amigos e conhecidos da vítima. Em se tratando
de crianças, este número sobre para 87,5% o que aumenta
ainda mais a impunidade já que segundo a ministra
Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos
“As autoridades chegam a uma parcela pequena. A
violência é mantida sob um manto de segredo quando
se trata do abuso sexual intrafamiliar. É difícil romper
este segredo”.
Delair e Bya sabem bem como é guardar o aterrorizante
segredo. Elas não se conhecem, mas, carregam traumas
de infância muito parecidos. Foram abusadas e
aterrorizadas pelos seus próprios pais, guardaram por
anos as lembranças e dores das agressões. Quebraram
o silêncio ao contarem para os maridos, e apoiadas por
eles, resolveram ajudar outras vítimas e ex-vítimas.
DELAIR ZERMIANI
“Fui abusada desde bebê até os 14 anos pelo meu pai.
Ele usou várias estratégias, primeiro dizia que todos os
pais faziam isso com as filhas, mas que eu não podia
contar para ninguém porque caso contasse a magia
seria quebrada e eu não iria virar mulher. E eu, com toda
minha inocência aos 5 anos, acreditava.
Depois ele descobriu que eu tinha medo de anão então
ele dizia que anão é toda pessoa que tinha obedecidoao
pai só até aquela altura e que não deixava mais o
pai fazer, então Deus ficava bravo e não deixava mais
a pessoa crescer. Quando deixei de acreditar nisso, meu
irmãozinho nasceu então ele ameaçava matá-lo.
Aos doze anos ele usava o revólver para me obrigar.
Com cinco anos eu já havia sofrido todos os atos de
uma relação sexual. Minha alegria foi poder frequentar
a escola, era meu refúgio, onde podia ser criança, ou
ao menos fingir ser. Durante anos vivi assombrada, em
constante estado de alerta, tentando me proteger do meu
próprio pai, procurava nunca ficar sozinha, pois eu sabia
que se ele me encontrasse sozinha me pegaria.
Eu me sentia imunda, tinha vergonha e medo. Até que
um dia fui juntamente com o grupo de jovem visitar uma
menina de 13 anos que havia tido um bebê, o filho era do
pai dela. Então aos 14 anos criei coragem para enfrentar
meu pai, pois eu preferia morrer a ter aquele destino”.
Delair conseguiu superar e perdoar o pai, ela compara
a violência que sofreu a uma cicatriz: A lembrança
da ferida está ali, mas não doi mais, ela afirma que a
grande dificuldade está em perdoar o agressor para
então diminuir a dor. Por isso criou uma ONG EVAS –
Ex-Vítimas de Abuso Sexual, que se encontram para
conversar em grupo a fim de superar os traumas. Ela
ministra palestras em escolas, igrejas, universidades (...),
sobre a pedofilia e alerta adolescentes e adultos sobre o
perigo.
BYA ALBUQUERQUE
“Meu pseudônimo é Bya Albuquerque e sou fundadora da
comunidade “Filhas do Silêncio”. Faz 5 anos que fundei
a comunidade. Hoje tenho 47. Fui abusada pelo meu pai.
O abuso começou antes dos 2 anos e se prolongou até os
26, um pouco antes do meu casamento. Vim de família de
posses. Meu pai foi um intelectual com amigos influentes
e também foi um pedófilo e psicopata. Minha mãe
desconfiava, mas ficou quieta. Considerou-me como rival
dela. Passei por todas as fases do abuso: molestamento,
pedofilia, estupro. Com direito a uma gravidez e um
aborto. Muitos perguntam: por que tanto tempo? Eu fui
altamente, cruelmente, e brutalmente chantageada pelo
me pai. Pior que abuso físico, foi a violência emocional
que sofri por parte da minha mãe e do meu pai. Fiz isso
para proteger minha única irmã, 12 anos mais nova. Hoje
em dia ela me despreza e acha que sou mentirosa e louca.
Minha mãe foi tão agressiva verbalmente comigo, que
deixei de viver a adolescência e juventude. Ela me fez
sentir-me um lixo. Após o casamento, meu pai sentiuse
perdedor e começou a praticar assedio moral comigo
e meu marido. Quando a família direta dele soube do
abuso, considerou-me um segredo sujo. Uma família com
dinheiro e formação intelectual.
As consequências físicas e emocionais que sofro até hoje,
e principalmente nesse tempo, são: Doença de Cushing,
vaginismo, transtorno alimentar, depressão, insônia,
fobia social, baixa autoestima, ataques de ansiedade
entre outras.
Sempre fui forte, me formei, casei, tenho dois filhos, mas
não sou feliz. Acho que alguém que passa pelo abuso
sexual e violência psicológica dificilmente alcançará a
paz.
Minha comunidade tem como objetivo maior ajudar
mulheres e homens mais velhos, que vivenciaram o abuso
numa época que isso e o sexo eram tabu, a serem mais
fortes e conseguirem desabafar. Sou sozinha, mas aos
poucos tenho conseguido ajudar e com isso, ajudar a mim
mesma. Não tenho ilusão que o abuso sexual vai acabar.
É como falar no fim de uso das drogas, violência urbana,
corrupção. Mas acredito plenamente na solidariedade”.
Bya tem três blogs, no Diário de uma filha do Silêncio,
fala sobre seu dia a dia e das dificuldades decorrentes dos
traumas sofridos. No Filhas do Silêncio ela posta notícias,
poesias e letras de músicas e no Filhas do silêncio 2,
dezenas de pessoas postam seus depoimentos, e usam
o espaço para desabafar.
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Primavera / Cecília Meireles
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
domingo, 21 de setembro de 2014
Amigos são Estradas.../ Paulo Roberto Gaefke
Certos amigos são indispensáveis, simples como aquela estradinha de terra no interior, onde do alto da colina podemos avistá-la inteirinha, sabemos onde podemos ir e onde podemos chegar, são transparentes e confiáveis.
Outros, acabaram de chegar, como estradas que só conhecemos pelo guia, e vamos nos aventurando sem saber muito bem seus limites, é um caminho desconhecido, mas que sempre vale a pena trilhar.
Tem amigos que lembram aquelas estradas vicinais, que pouco usamos, pouco vemos, mas sabemos que quando precisarmos, ela estará lá, poderemos passar e cortar caminho, mesmo distante, estão sempre em nossa memória.
Por certo, também existem amigos que infelizmente, lembram aquelas estradas maravilhosas, com pistas largas e asfalto sempre novo, mas que enganam o motorista, pois são cheias de curvas perigosas, e quando você menos espera... é traído pela confiança excessiva.
E existem amigos que são como aquelas estradas que desapareceram, não existem mais, mas que sempre ligam a nossa emoção até a saudade, saudade de uma paisagem, um pedaço daquela estrada, que deixou marcas profundas em nosso coração. Foram, mas ficaram impregnados em nossa alma.
E na viagem da vida, que pode ser longa ou curta amigos são mais do que estradas, são placas que indicam a direção, e naqueles momentos em que mais precisamos, por vezes são o nosso próprio chão.
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Meu diário / Bya Albuquerque
Amigos, abri um diário pessoal (um blog) chamado Diário de uma filha de silêncio / Bya Albuquerque. Nele continuo a minha história, retratando o quanto é devastador o abuso sexual e suas consequências físicas e emocionais. Escrevo sobre mim...minha família...meus problemas...meus anseios e desejos...e o quanto o abuso acabou com a minha vida. A primeira postagem é do final do mês de março e é a mais antiga. Esse será o meu relato, meu grito, meu protesto e espero que as pessoas se conscientizem de quanto o abuso sexual é cruel. E é para vida toda...
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
SINTOMAS DO INFARTO SÃO DIFERENTES NAS MULHERES / DR. DRÁUZIO VARELLA
A cada ano, mais mulheres são vítimas de doenças cardiovasculares no Brasil. Atualmente, cerca de 30% dos casos de infarto têm mulheres como vítimas. Por conta disso, é necessário alguns cuidados especiais, já que o músculo cardíaco delas possuem algumas particularidades em relação ao dos homens.
O coração delas é menor, as artérias coronárias são mais estreitas e a frequência cardíaca de repouso maior, ou seja, o coração é mais acelerado. Essas mudanças, em si, não são grandes causadoras de problemas, segundo a médica cardiologista Elizabeth Giunco Alexandre, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, mas é importante ficar atenta, porque o diâmetro dos vasos pode favorecer o acúmulo de gorduras no futuro. “Tal particularidade vai interferir mais em uma cirurgia de revascularização dos vasos ou no caso de uma implantação de stents, caso seja necessário”.
O que requer mais atenção são as diferenças em relação aos sintomas de infarto. No quadro clínico do ataque cardíaco feminino, geralmente não há a presença de dois sinais bastante reconhecidos: aquela forte dor no peito do lado esquerdo e o formigamento no braço.
“O infarto na mulher tende a se manifestar de outra maneira, com fadiga intensa, náuseas e dor na boca do estômago. Muitas vezes ela não se dá conta de que pode estar infartando, pois consegue suportar a dor por mais tempo e acaba demorando muito para procurar ajuda. Os próprios médicos quando atendem às vezes também não associam a um quadro de infarto”, afirma Giunco.
O tempo entre o início do infarto e o recebimento do pronto socorro é determinante, pois tem reflexo direto nas possíveis sequelas e no sucesso do tratamento. O retardo no atendimento compromete o músculo cardíaco, pois é fundamental fazer o quanto antes a desobstrução e liberar a passagem de sangue para o coração.
É importante lembrar que há diferenças também em relação aos fatores de risco. Em geral, a doença coronariana aparece na mulher 10 anos mais tarde que nos homens, ou seja, elas costumam infartar por volta dos 50 anos, após a menopausa. O atraso tem relação direta com os hormônios femininos, pois coincide com o momento em que elas perdem estrogênio, um protetor natural do coração. “Outro fator a ser lembrado é que após esse período há modificações nas quantidades de colesterol no organismo. Há tendência de o bom cair e o ruim subir, o que acaba favorecendo o risco de infarto”, explica a cardiologista.
A médica alerta ainda que há mudança na distribuição de gordura corpórea. Começa a existir acúmulo de gordura na região do abdômen, o que contribui para o aparecimento e desenvolvimento de placas de gordura que obstruem a passagem do sangue.
Apesar das diferenças quanto aos sintomas e aos fatores de risco, a forma de prevenção é a mesma para os homens e mulheres. Praticar atividades físicas diárias por 30 minutos, consultar um médico regularmente, não fumar e ter uma alimentação rica em frutas e verduras podem fazer a diferença no futuro.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Publicado pela Comunidade NADA ACONTECE POR ACASO
"Nós nos consumimos, nós nos destruímos.
Revivemos todas as manhãs, reinventando-nos.
Tentando a todo custo não olhar para as mãos calejadas, os olhos assustados, o peito cheio.
Recriminamos quem nos avisa do perigo.
Bajulamos quem só nos diz o que queremos ouvir.
Sabemos da verdade.
Nosso coração sempre está adiante.
Preenchemos nossos vazios espaços com inutilidades.
Fingimos felicidade.
Negamos as tristezas.
Rezamos sem prestar atenção na oração proferida.
Discriminamos os aventureiros.
Agredimos a nós mesmos.
Absorvemos informações equivocadas.
Perseguimos o que não podemos alcançar.
Tendemos a nos sentir sozinhos dentre tantos.
E continuamos sendo um mundo de vastidão.
Escondemos nossas riquezas maiores.
Nos enaltecemos com coisas pequenas.
Sangramos pelo óbvio.
Fingimos frieza com o válido.
Seguramos as expressões para não sermos mal interpretados.
Expressamos-nos da força errada.
Falamos demais.
Sentimos de menos.
Qual a pobreza da humanidade, quando ainda julgamos as lutas de todos?
Por que ainda ha guerras?
Por que pessoas ainda se sentem acima do bem e do mal, manipulando, transferindo e destilando ruindades?
Qual veneno lhe parece mais amargo?
Qual a dor que te convém?
Em que mundo você vive?
Por que não podemos viver as verdades, cada um, a sua?
Sim, todos, cada qual tem as suas!
Respeitemos-nos.
Não subjuguem ninguém.
Todos estamos aqui para aprender algo.
Todos existimos para ensinar muito.
Experimente."
Revivemos todas as manhãs, reinventando-nos.
Tentando a todo custo não olhar para as mãos calejadas, os olhos assustados, o peito cheio.
Recriminamos quem nos avisa do perigo.
Bajulamos quem só nos diz o que queremos ouvir.
Sabemos da verdade.
Nosso coração sempre está adiante.
Preenchemos nossos vazios espaços com inutilidades.
Fingimos felicidade.
Negamos as tristezas.
Rezamos sem prestar atenção na oração proferida.
Discriminamos os aventureiros.
Agredimos a nós mesmos.
Absorvemos informações equivocadas.
Perseguimos o que não podemos alcançar.
Tendemos a nos sentir sozinhos dentre tantos.
E continuamos sendo um mundo de vastidão.
Escondemos nossas riquezas maiores.
Nos enaltecemos com coisas pequenas.
Sangramos pelo óbvio.
Fingimos frieza com o válido.
Seguramos as expressões para não sermos mal interpretados.
Expressamos-nos da força errada.
Falamos demais.
Sentimos de menos.
Qual a pobreza da humanidade, quando ainda julgamos as lutas de todos?
Por que ainda ha guerras?
Por que pessoas ainda se sentem acima do bem e do mal, manipulando, transferindo e destilando ruindades?
Qual veneno lhe parece mais amargo?
Qual a dor que te convém?
Em que mundo você vive?
Por que não podemos viver as verdades, cada um, a sua?
Sim, todos, cada qual tem as suas!
Respeitemos-nos.
Não subjuguem ninguém.
Todos estamos aqui para aprender algo.
Todos existimos para ensinar muito.
Experimente."
sábado, 19 de julho de 2014
RUBEM ALVES
"Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. De alguma forma a gota de chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora.
Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino.
Quem não pode suportar a dor da separação, não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se tem nunca. É evento de graça.
Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta,a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro."
"Compreendi, então,
que a vida não é uma sonata que,
para realizar a sua beleza,
tem de ser tocada até o fim.
Dei-me conta, ao contrário,
de que a vida é um álbum de mini-sonatas.
Cada momento de beleza vivido e amado,
por efêmero que seja,
é uma experiência completa
que está destinada à eternidade.
Um único momento de beleza e amor
justifica a vida inteira."
"Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata.
Quem tenta ajudar um broto a sair da semente o destrói.
Há certas coisas que não podem ser ajudadas.
Tem que acontecer de dentro para fora."
"Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás.
E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha: desejamos encontrar, no futuro, aquilo que já experimentamos como alegria, no passado.
Só podemos amar o que um dia já tivemos."
Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino.
Quem não pode suportar a dor da separação, não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se tem nunca. É evento de graça.
Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta,a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro."
"Compreendi, então,
que a vida não é uma sonata que,
para realizar a sua beleza,
tem de ser tocada até o fim.
Dei-me conta, ao contrário,
de que a vida é um álbum de mini-sonatas.
Cada momento de beleza vivido e amado,
por efêmero que seja,
é uma experiência completa
que está destinada à eternidade.
Um único momento de beleza e amor
justifica a vida inteira."
"Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata.
Quem tenta ajudar um broto a sair da semente o destrói.
Há certas coisas que não podem ser ajudadas.
Tem que acontecer de dentro para fora."
"Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás.
E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha: desejamos encontrar, no futuro, aquilo que já experimentamos como alegria, no passado.
Só podemos amar o que um dia já tivemos."
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Diga Não a Pedofilia No Brasil / Delair Zermiani
Olá!
Eu criei uma petição pública e gostaria muito de sua ajuda para coletar assinaturas. Ela se chama: SALVE CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL E EX-VÍTIMAS A SUPERAR ISSO! Destina-se ao Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves.: Que o PL 4754/2012 seja votado e aprovado com máxima urgência, se possível, antes da Copa. Eu fui à Brasília duas vezes, uma para esse Projeto de Lei ser criado e outra para ser votado. Mas isso é moroso e ainda não há muito interesse nos parlamentares em enxergar esse problema social...
Eu criei uma petição pública e gostaria muito de sua ajuda para coletar assinaturas. Ela se chama: SALVE CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL E EX-VÍTIMAS A SUPERAR ISSO! Destina-se ao Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves.: Que o PL 4754/2012 seja votado e aprovado com máxima urgência, se possível, antes da Copa. Eu fui à Brasília duas vezes, uma para esse Projeto de Lei ser criado e outra para ser votado. Mas isso é moroso e ainda não há muito interesse nos parlamentares em enxergar esse problema social...
Eu realmente me preocupo sobre este assunto (assim como você) porque sou uma sobrevivente desse inferno (Youtube - Pedofilia e Incesto - Superação do Trauma). E juntos nós podemos fazer algo maior a respeito disso! Cada pessoa que assina nos ajuda a chegar mais próximo do objetivo de 100.000 assinaturas -- será que você pode me ajudar assinando a petição?
Essa é minha missão e a minha bandeira! Quando esse Projeto de Lei virar lei realmente terá valido à pena passar por tudo o que passei. Que tal tirar muitas crianças desse inferno e contribuir para a recuperação de tantos que também foram vítimas? Se não nos mobilizarmos corremos o risco de aceitar a pedofilia como opção sexual (como já ocorre em alguns países dos EUA, na Holanda e na França). Por favor, junte-se à nós?
Clique aqui para ler mais a respeito e assine:
http://www.avaaz.org/po/petition/Para_o_Presidente_da_Camara_dos_Deputados_Henrique_Eduardo_Alves_Que_o_PL_47542012_seja_votado_e_aprovado_com_maxima_urg/?launch
http://www.avaaz.org/po/petition/Para_o_Presidente_da_Camara_dos_Deputados_Henrique_Eduardo_Alves_Que_o_PL_47542012_seja_votado_e_aprovado_com_maxima_urg/?launch
Campanhas como esta sempre começam pequenas, mas elas crescem quando pessoas como nós se envolvem -- por favor reserve um segundo agora mesmo para nos ajudar assinando e passando esta petição adiante.
Posso contar com seu apoio divulgando para sua rede de contatos?
Muito obrigada!
Delair Borges Zerrmiani
Idealizadora e fundadora da ONG "EVAS - Ex-Vítimas de Abuso Sexual".
Idealizadora e fundadora da ONG "EVAS - Ex-Vítimas de Abuso Sexual".
Unicef no Brasil
Hoje, 18 de julho, é o Dia Internacional Nelson Mandela. #Mandeladay#NelsonMandela
"Meus queridos jovens: vejo a luz em seus olhos, a energia de seus corpos e a esperança que está em seu espírito. Sei que são vocês, e não eu, que farão o futuro. São vocês, e não eu, que consertarão nossos erros e levarão adiante tudo que está certo no mundo.
Se eu pudesse, de boa-fé, prometer-lhes a infância que eu tive, eu prometeria. Se eu pudesse prometer-lhes que cada um de seus dias será um dia de aprendizado e de crescimento, eu prometeria. Se eu pudesse prometer-lhes que nada – nem guerras, nem pobreza, nem injustiças – privará vocês de seus pais, de seu nome, de seu direito a uma boa infância, e que essa infância levará vocês a uma vida plena e frutífera, eu prometeria.
Mas prometerei apenas o que eu sei que posso cumprir. Vocês têm a minha palavra de que continuarei a aplicar tudo que aprendi no começo de minha vida, e tudo que aprendi a partir de então, para proteger seus direitos. Trabalharei todos os dias de todas as maneiras que conheço para apoiá-los enquanto crescem. Buscarei suas vozes e suas opiniões, e farei com que outras pessoas também as ouçam.
(...)
Cada um de vocês é uma pessoa única, que tem direitos, que merece respeito e dignidade. Cada um de vocês merece ter o melhor começo de vida possível, para completar uma educação básica da mais alta qualidade, para que possa desenvolver plenamente seu potencial e ter a garantia das oportunidades de uma participação significativa em suas comunidades. E enquanto cada um de vocês, quem quer que seja, não usufruir de seus direitos, eu, Nelson, e eu, Graça [Machel], não descansaremos."
Se eu pudesse, de boa-fé, prometer-lhes a infância que eu tive, eu prometeria. Se eu pudesse prometer-lhes que cada um de seus dias será um dia de aprendizado e de crescimento, eu prometeria. Se eu pudesse prometer-lhes que nada – nem guerras, nem pobreza, nem injustiças – privará vocês de seus pais, de seu nome, de seu direito a uma boa infância, e que essa infância levará vocês a uma vida plena e frutífera, eu prometeria.
Mas prometerei apenas o que eu sei que posso cumprir. Vocês têm a minha palavra de que continuarei a aplicar tudo que aprendi no começo de minha vida, e tudo que aprendi a partir de então, para proteger seus direitos. Trabalharei todos os dias de todas as maneiras que conheço para apoiá-los enquanto crescem. Buscarei suas vozes e suas opiniões, e farei com que outras pessoas também as ouçam.
(...)
Cada um de vocês é uma pessoa única, que tem direitos, que merece respeito e dignidade. Cada um de vocês merece ter o melhor começo de vida possível, para completar uma educação básica da mais alta qualidade, para que possa desenvolver plenamente seu potencial e ter a garantia das oportunidades de uma participação significativa em suas comunidades. E enquanto cada um de vocês, quem quer que seja, não usufruir de seus direitos, eu, Nelson, e eu, Graça [Machel], não descansaremos."
Nelson Mandela, em Situação Mundial da Infância 2001
(UNICEF 2000)
(UNICEF 2000)
terça-feira, 15 de julho de 2014
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Mulheres vítimas de abusos sexuais têm serviço de referência
Mulheres vítimas de abusos sexuais têm serviço de referência
É importante que a mulher abusada procure os serviços de saúde até 72 horas depois de sofrida a violência
Criado no dia 26 de abril do ano passado para atender mulheres que sofrem violência sexual, o Ambulatório Girassol faz parte dos serviços ofertados pelo Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) em Goiânia. Agora, o ambulatório quer integrar o Grupo Gestor Intermunicipal (GGI), que está redesenhando a Rede de Atendimento às vítimas de violência em Goiânia. Os integrantes do GGI se reuniram na quinta-feira (10), na Diretoria de Atenção à Saúde (DAS), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
A rede reúne integrantes de outras pastas, como a Guarda Civil Metropolitana, mas a maioria é da área de saúde, como a Divisão de Vigilância à Violência e a Divisão de Ciclos de Vida, ambas de diretorias da SMS. O grupo fará a próxima reunião no dia 8 de agosto, quando definirá novas ações de políticas de acolhimento e tratamento das vítimas da violência na Capital, uma vez que a criminalidade vem aumentando.
Importância
Segundo a coordenadora do Ambulatório Girassol, médica Maria Laura Porto, a ideia de entrar no grupo tem como objetivo atrair mais mulheres para o serviço que trabalha com equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros).
“É importante que a mulher vítima de violência sexual saiba que o primeiro serviço que deve procurar nas primeiras 72 horas é a saúde, pois é nesse período que os medicamentos fazem mais efeito, tanto para prevenir gravidez, quanto para evitar doenças sexualmente transmissíveis”, explica a médica. “Temos profissionais e serviços em pleno funcionamento para esse atendimento. As mulheres ainda sentem medo e vergonha, mas garantimos sigilo”, ressalta a coordenadora.
Laura Porto esclarece que depois de receber atendimento médico e psicológico, as pacientes recebem esclarecimentos sobre seus direitos legais por parte da assistência social e, só então, são encaminhadas, devidamente acompanhadas, para delegacias ou outras instâncias necessárias, como o Instituto Médico Legal (IML), onde são feitos exames periciais.
“Ao procurar a saúde primeiro, a mulher evita agravos desta violência”, destaca Laura Porto. O Ambulatório Girassol funciona das 8 às 12h, de segunda a sexta-feira, mas a vítima pode procurar a Maternidade Dona Iris, no serviço de emergência, todos os dias. O Girassol atende mulheres acima de 14 anos residentes em Goiânia.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
SONO DE PEDRA / Poema de Raquel Naveira. Ilustração de Liliane Lililane Gobbo
Durante o sono
Não era dono
De nada:
Nem de seu corpo,
De músculos relaxados,
Nem de sua consciência,
Suspensa
Como um fruto de outono.
Sono de pedra,
Sonhos
Feitos de minério
Colhido no leito dos rios
E dos caminhos.
Sono de pedra
Em que, às vezes,
Passava do opaco
Ao translúcido
Como um topázio
Que guarda em segredo
O seu mistério precioso.
Sono de pedra,
Cheio de limo
E umidade,
Palpável ao toque,
Quente
Como uma força ígnea.
Sono de pedra
Em que virava pilha
E acumulava energia
Natural das rochas.
(Jean-Antoine Houdon, Morpheus, 1777)
Não era dono
De nada:
Nem de seu corpo,
De músculos relaxados,
Nem de sua consciência,
Suspensa
Como um fruto de outono.
Sono de pedra,
Sonhos
Feitos de minério
Colhido no leito dos rios
E dos caminhos.
Sono de pedra
Em que, às vezes,
Passava do opaco
Ao translúcido
Como um topázio
Que guarda em segredo
O seu mistério precioso.
Sono de pedra,
Cheio de limo
E umidade,
Palpável ao toque,
Quente
Como uma força ígnea.
Sono de pedra
Em que virava pilha
E acumulava energia
Natural das rochas.
(Jean-Antoine Houdon, Morpheus, 1777)
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Sexualidade / APAE DE SÃO PAULO
Ao elegermos o tema da sexualidade, o fazemos por acreditar que o tema permeia todas as relações humanas, com implicação direta no desenvolvimento afetivo e social dos indivíduos.
Tratar do tema da sexualidade transversalmente ao tema da violência contra a criança e o adolescente, é abrir um espaço para a discussão e compreensão de uma modalidade de prática violenta, ainda pouco compreendida e debatida na sociedade: a violência sexual, abuso e exploração sexual comercial.
Entendemos, assim, que tanto a questão da violência, quanto a questão da sexualidade são aspectos constitutivos da formação do psiquismo e subjetividade humana.
A discussão da sexualidade ganha grande espaço e sofre forte transformação a partir das formulações e contribuições de Freud e da psicanálise no inicio do séc. XX, que rompe com conceitos dominantes até então, de uma sexualidade ligada exclusivamente à necessidade instintiva da reprodução humana, pelo coito entre um homem e uma mulher, para uma conceituação e compreensão da sexualidade mais abrangente e complexa que acompanha e perpassa a vida do individuo do nascimento à morte.
A compreensão da sexualidade deixa de ser meramente reprodutiva e passa a ocupar o espaço de elemento formador da constituição do psiquismo e da subjetividade humana.
Desde o nascimento o bebê irá experimentar, em sua relação com a mãe, sensações de prazer (alimentação, calor, aconchego, p.ex. ) e desprazer , fúria ( fome, cólica, frio, por.ex). Ao sentir fome, o bebê experimenta uma sensação ruim e de desconforto. A mãe atenta às necessidades de seu filho irá alimentá-lo, gerando uma experiência de prazer e satisfação. O bebê irá buscar, na relação com sua mãe, a repetição desta experiência de prazer. Assim sendo, podemos imaginar que toda experiência de prazer\desprazer, busca de satisfação, acontecerá na presença e na relação com outro ser humano, fundando assim a sexualidade.
Porém, não devemos confundir a sexualidade do bebê e da criança, pautada na busca da sobrevivência em um primeiro momento e da repetição de uma experiência prazerosa, posteriormente, com a sexualidade adulta, madura, genital e voltada para a relação sexual para obtenção de prazer e reprodução. São momentos distintos no desenvolvimento humano e assim devem ser vistos e compreendidos. Freud propôs uma compreensão do desenvolvimento infantil e da sexualidade humana em fases e etapas distintas, que são definidas por processos de maturidade bio-fisiológica e desenvolvimento afetivo. Tentaremos descrever as etapas descritas por Freud de forma resumida, para que possamos iniciar nossas reflexões e compreensão da sexualidade humana e sua relação com a violência e o abuso sexual da criança e do adolescente, com e sem deficiência intelectual.
Fase Oral – Momento do desenvolvimento que vai do nascimento até por volta dos 2 anos de idade e se caracteriza pela oralidade como forma de exploração do mundo exterior e busca de prazer pela criança. O mundo lhe será apresentado, neste período, através dos olhos e da fala da mãe.
Fase Anal – Ocorre dos 2 aos 4 anos de idade. É o momento em que a criança vivência o início da independência e da autonomia, onde irá experimentar a possibilidade de controlar suas próprias produções e o seu corpo. O aprendizado da marcha e da linguagem irão permitir que a criança experimente comunicar seus anseios e desejos. As relações, antes estritamente duais, passam a permitir a entrada de novos elementos, as relações triangulares. É comum, neste momento do desenvolvimento, crianças apresentarem comportamentos mais birrentos, testando e buscando o controle do ambiente a sua volta; em função disso é comum, neste momento, que pais e cuidadores respondam a estes comportamentos com violência, tirania e abuso, calando a voz da criança e coibindo suas ações e expressões.
Fase Fálica - Caminha dos 4 aos 6 anos aproximadamente. Fase crucial do desenvolvimento da subjetividade, onde ela viverá e tentará elaborar o Complexo de Édipo. A criança nesta fase irá se identificar com um dos pais, buscando encantar o outro. É o momento da interdição da criança, com a entrada na cultura. É a elaboração da interdição que irá nos constituir como sujeitos.
Fase de Latência - Ocorre dos 4 aos 10 anos. É o momento em que a criança trabalhará intensamente na elaboração e internalização das regras e normas sociais, passando a experimentá-las como elemento organizador. Neste momento, as crianças costumam ter preferência por jogos e brincadeiras mais estruturadas e se dividem por grupos de gênero. Meninos e meninas. A vida social e escolar ganha força e fica em destaque.
Puberdade e adolescência - Iniciando-se próximo aos 11 anos costuma alongar-se até por volta dos 19 anos de idade. Momento intenso na vida da criança, onde irá experimentar sentimentos ambíguos e contraditórios. A passagem da infância para a vida adulta. É necessário elaborar o luto pela perda do corpo infantil e acostumar-se com as intensas mudanças que irão transformá-lo em um corpo adulto. A curiosidade com o corpo do outro, com aspectos da sexualidade e o desejo sexual voltam à tona com força. Trata-se de momento de intenso conflito e contraposições com as figuras paternas e de autoridade, na busca de se diferenciar e se constituir como sujeito mais livre e autônomo.
“As crises da adolescência duram apenas um tempo e o tempo é seu remédio natural. Ou seja, existe um trabalho do tempo que opera mudanças. É claro que muitas vezes essas crises representam riscos que precisam ser considerados, porém, no atacado, se elas não forem impedidas, sempre acabam relativamente bem. Não se deve combatê-las, curá-las ou encurtá-las, mas acompanhá-las e explorá-las para que o sujeito tire o maior proveito delas” (Winnicott apud Pavan, 2003).
Tentamos apresentar aqui um recorte do tema sexualidade, apresentando alguns marcos do desenvolvimento, pelo olhar da psicanálise, trazendo à discussão e jogando luz na importância e na complexidade do tema para a formação da subjetividade e da identidade do sujeito.
O tema da sexualidade deve ser encarado com seriedade e cuidado e os mitos e tabus, que ainda persistem, devem ser desmistificados possibilitando lidar com o tema de forma mais livre e crítica.
A manifestação da sexualidade nas crianças não deve ser ignorada ou punida como atos desviantes. Muitas das dificuldades do adulto em tratar do tema da sexualidade de crianças com ou sem deficiência intelectual, consiste na impossibilidade do adulto em se distanciar de sua vivência da sexualidade, genital, e se aproximar da sexualidade infantil, pré-genital. Os adultos pensam e sentem necessidades sexuais diferentes da criança e do adolescente, que ainda estão em fase de construção de sua identidade e subjetividade.
Tratar do tema sexualidade com crianças, adolescentes e pessoas com deficiência intelectual, faz com que tenhamos que olhar para nossa própria experiência e sexualidade, questionar nossos mitos, crenças e valores. Por isto mãos à obra, temos muito trabalho pela frente.
Bibliografia indicada:
PAULA, A.R. de e REGEN, M. Sexualidade e a Pessoa com Deficiência - Reabilitação de Pessoas com Deficiência: A Intervenção em discussão. Editora ROCA, São Paulo, 2006.
PAULA. A.R. de e REGEN, M. Sexualidade e Deficiência: rompendo o silêncio. Editora Expressão e Arte, São Paulo, 2ᵃ edição, 2011.
terça-feira, 24 de junho de 2014
Violência Emocional / Verinha da Silveira
“A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”.
A violência emocional é um tipo bem comum de violência doméstica, mas não recebe tanta atenção e nem é tão divulgado por que afinal, trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para toda a vida.
Violência emocional tem varias formas de manifestação, dentre elas, as mais comuns são fazer o outro sentir se inferior, sentir se omisso, dependente ou culpado. O processo de manipulação da vitima começa com a destruição da sua autoestima e afastamento de pessoas que possam socorrê-la, abrir lhe os olhos para o que esta lhe acontecendo, o isolamento da vitima é fundamental para o sucesso do agressor que pretende a dominação da parceira através de manipulação.
Em um dos depoimentos que recebemos, sobre o pseudônimo de Eduarda, ela diz:
“Ele odiava todos meus amigos (as), dizia que não confiava neles (as), que ‘aquelas pessoas’ estava jogando a gente um contra o outro, estavam acabando com nosso casamento, que ele não ia me dizer o que fazer, mas que eu deveria saber o que era mais importante para mim. Eu me sentia péssima, sofria, tinha que escolher me afastar de meus amigos (as) para manter ele no centro da minha vida, como se fosse o rei da minha vida”.
Um dos mecanismos da manipulação pode ser a chantagem emocional, uma forma de culpar o vitima por omissão. A intenção do agressor é mobilizar a outra pessoa, tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância.
“Quando eu não aguentava mais todas as opressões e agressões emocionais, resolvi dar um basta na relação, ele foi procurar um psiquiatra e voltou com um diagnóstico de bipolaridade. Foi um pesadelo este diagnóstico, pois todos os erros e abusos que ele cometeu contra mim tornaram-se justificáveis apoiados nesta enfermidade, à família dele, amigos dele, amigos homens cis héteros meus e até algumas mulheres, diziam-me que eu deveria ser tolerante, e quadro da doença levava a pessoa agir mal, não era culpa dele, que eu deveria apoia-lo”.
Mas este tipo de manipulação nem sempre é ativa, não consiste apenas em fazer a teatralidade, onde busca um sentimento de piedade, sentimento este que leva a vitima a crer tem obrigação de dar suporte, existe outro método que também é usado e que atinge muito sucesso: A reclusão. Neste mecanismo o abusador se fecha mantem se recluso a seu próprio mundo, não comunica o que esta sentindo, como se não quisesse com seu mal estar incomodar ou causar brigas.
“Ele ficava por períodos longos em silêncio, não falava sobre o que estava acontecendo, me torturava com a dúvida, logo eu pensava que ele estava sofrendo e que a culpa era minha, que eu precisaria melhorar em algo que não sabia o que para que ele pudesse se abrir comigo, sair daquela situação depressiva de isolamento. O mal estar na casa era tão grande que quase poderia ser apalpado”.
A violência verbal também se encaixa ai, se você acha que para ser violentado verbalmente é necessário alguma agressão vocalizada, não… Não precisa. A violência verbal existe até na ausência da palavra, ou seja, até em pessoas que permanecem em silêncio. O agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, se cala, emudece e, evidentemente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma coisa.
Por outro lado, existem as milhares de palavras e insinuações depreciativas que podem levar a inferiorização do outro, destruindo sua segurança e autoestima.
“Eu li no Facebook dele ele conversando com outra mulher, dizendo a ela que ela era linda, ele não me dizia nada como isso havia muito tempo, ou seja, eu a companheira dele não merecia nenhum tipo de elogio, mas outras mulheres sim. Isso aconteceu em um período muito ruim da nossa relação, quando a depreciação era um ponto alto de tudo, ele dizia que não me amava mais, ou que não sabia se me amava, dizia que não sabia se queria continuar comigo, eu me sentia um lixo”.
“Um dia ele demorou muito chegar em casa, o jantar estava na mesa esfriando, quando ele chegou eu questionei a demora ao que ele me respondeu que veio em ‘passos de tartaruga’ para casa, pois não teria mais vontade de chegar, de me ver, conversar…”.
A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.1
As ofensas morais também fazem parte deste repertório, as insinuações infundadas de que a parceira tem um amante, as criticas depreciativas sobre o corpo dela, ou ainda usar como chacota as qualidade da companheira, por exemplo, “se você não tivesse esta qualidade estaria ferrada”, “só vale a pena estar com você por que você é… (insira ai uma qualidade)”.
“Numa das discussões ele me acusou de ter um amante, ele disse ‘quem esta chupando sua buceta, Eduarda?’ Eu fiquei sem chão, fiquei sem resposta, não conseguia raciocinar, a briga acabou ali por total falta de condição emocional de responder aquela calúnia infundada”.
Todas estas situações são precursoras da violência física.
A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.1
Após conseguir o intento de afastar a mulher de seu grupo social, após destruir sua autoestima, sua autodeterminação, ela fica completamente nas mãos do agressor e impossibilitada de reação. A agressão física não trata se apenas daquela que é efetivada, ela pode ser subjetiva, este tipo de agressão tem um grande poder sobre desestruturação do psicológico da vitima, pois é sentido como agressão física, sem ter tocado na agredida.
“Discutimos no quintal de casa, ele ameaçou ir embora de casa e se separar de mim, ele sabia que eu não queria isso e usava esta chantagem em todas as brigas, neste dia resolvi reagir, arranquei a aliança do dedo e atirei longe, ele buscou e me devolveu ordenando que eu recolocasse no dedo. Repeti este ato mais duas vezes, atirando a aliança longe, ele na terceira vez armou um murro contra mim, me obrigando a recolocar a aliança. Ele não desferiu o murro mas me ameaçou com violência física. Após alguns dias perguntei a ele se ele teria tido coragem de me agredir, ele me respondeu que não, mas que bem que a ameaçava me colocou no meu lugar”.
“Em várias discussões ele me silenciava quebrando objetos da casa, socando portas, destruindo moveis, eu só queria que ele parasse de quebrar as nossas coisas, aquilo me deixava perplexa, não havia possibilidade de nenhum diálogo, pois se ele estava quebrando coisas dentro de casa, o que o impediria de me agredir também?”
“Estas situações abusivas acabavam com minha saúde, me deixavam extremamente ansiosa, eu descontava na comida, engordava demais, e minha autoestima só piorava, ele estava me destruindo, mas eu queria que tudo que aquilo parasse, que ele voltasse a ser o homem com quem me casei, eu não conseguia pensar mais em me separar dele, eu acreditava que não conseguiria mais construir nada nem sozinha e nem com outra pessoa, minha vida se resumia a tentar reconstruir nossa relação a dele se resumia em me destruir.”
As agressões seguem um ciclo, elas não começam do nada, a violência psicológica é a primeira arma usada pelo agressor, esta arma ficara mais sofisticada com o tempo, atingindo a mulher com violência física, neste ponto ela estará completamente indefesa, e justamente por isso milhares de mulheres demoram a reconhecer os relacionamento abusivos e ciclos de abuso.
“É muito difícil admitir que o homem que você escolheu para ser seu melhor amigo, seu cumplice, amante, companheiro… o homem que você escolheu para viver a vida do seu lado é um agressor. É muito difícil admitir o fracasso da relação, e enfrentar as acusações que recairão sobre a mulher, no caso sobre mim, se ela fracassar, fomos criadas para entender que o sucesso da relação entre o homem e a mulher deve se exclusivamente a mulher, eu sempre me lembrava de que ouvi muitas vezes na igreja que ‘a mulher sábia edifica seu lar’, isso ficava ecoando em minha cabeça como uma musica tenebrosa no repeat, tocava sem parar…”
Se você se reconhece em alguma destas situações, procure ajuda, procure suas amigas, não se deixe ser isolada, conte o que esta acontecendo, peça socorro. Se você esta isolada de suas amigas por este homem agressor, procure auxilio através das feministas que estão nas redes sociais. Mas não se cale, não permita que este abusado/agressor destrua sua vida. Liberte-se.
Outros depoimentos:
“…E começaram os cortes… as roupas, os sonhos, os princípios que ele outrora apoiara, agora eram motivos de brigas e insultos, os amigose até mesmo meus desenhos e meu trabalho (que nunca foram valorizados). Os ciúmes dele eram sempre justificáveis: eu sempre havia feito algo que o deixava inseguro. Os meus? Loucura, claro. Ele tinha princípios, eu não.”
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