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sábado, 12 de janeiro de 2013


Mães que praticam abuso sexual são coagidas por maridos violentos

Os abusos sexuais de crianças e adolescentes geralmente acontecem em ambientes onde há violência contra a mulher. “O marido é uma pessoa tão agressiva que para ele não basta mais apenas violentar a esposa, então exige também que ela permita e participe do abuso do filho”, afirma a psicóloga Dalka Ferrari, coordenadora geral do Central de Referência às Vítimas de Violência do Instituto Sedes Sapientiae (CNRVV). “São mulheres muito rebaixadas na sua condição e a maior humilhação para elas é quando eles as obrigam a observar ou ajudar a violentar o próprio filho”.
“Os casos de mulheres abusadoras são mais raros, mas ocorrem quando ela já vinha de um processo de violência ou tem distúrbio na sua sexualidade”, afirma Dalka Ferrari.
A situação do abuso pode ter a conivência da mulher e até de um grupo de adultos. “Atendi o caso de uma mãe que começou a perceber que as filhas tinham compulsão por masturbação e depois descobriu que o pai chamava o casal de padrinhos para participar do abuso”, conta a psicóloga. “Eles foram presos e as meninas tiveram que ficar mais de um ano em tratamento”.
Dalka Ferrari frisa ainda que a violência sexual doméstica costuma ser propagada a cada geração, porque é resultado de uma dinâmica familiar abusiva. Este é o caso do que acontecia com Fabiana Pereira de Andrade, autora do livro Labirintos do Incesto: o relato de uma sobrevivente (Ed. Escrituras/Lacri). Ela teve duas filhas resultado da agressão sexual do próprio pai dela. A história mostra também que, muitas vezes, a filha mais velha acaba se submetendo ao abusador para proteger que a irmã mais nova seja violentada. Há casos também de agressores que ensinam os filhos maiores a praticarem a agressão contra os menores. Segundo a especialista, tanto as mulheres quanto os homens abusadores são pessoas que já sofreram agressão sexual na infância.

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