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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Postado no Grupo pelo José Geraldo da Silva

Menos de 1% de crianças e adolescentes vítimas de pornografia na internet são identificados

De todo o material contendo pornografia infantojuvenil apreendido pelas autoridades na internet, apenas 0,65% das crianças vítimas desse tipo de crime é identificado.

Os dados foram apresentados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, nesta quarta-feira (28), pelo presidente da SaferNet Brasil, instituição voltada para o monitoramento e combate à pornografia infantil na rede mundial de computadores, Thiago Tavares Nunes de Oliveira.


Para a presidenta da CPI, deputada Érika Kokay (PT-DF), “o dado preocupa, pois isto significa que mais de 99% das crianças e adolescentes acabam ficando fora dos serviços de atendimento para esse tipo de violência, e muitas delas continuam sendo vítimas da exploração”.

Oliveira também apresentou dados relativos ao acompanhamento de denúncias de sites com material pornográfico infantil e de redes voltadas para o aliciamento de meninos e meninas pela internet.

Os números mostram que, entre 2005 e 2012, a SaferNet recebeu mais de 3 milhões de denúncias anônimas sobre a divulgação e o comércio de material pornográfico com crianças e adolescentes. São mais de 450 mil páginas, hospedadas em 88 países. As denúncias foram registradas nos sites brasileiros que integram a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos.

Com a criação da Lei 1.829, em 2008, o país tornou mais rigorosa a punição para quem comete esse tipo de crime. A pena é de três a seis anos de prisão, além de multa. Se for comprovado que a criança exposta nas imagens tenha sido abusada sexualmente, o autor responde pelo crime de estupro de vulnerável.

Em função da intensificação das investigações contra a exploração sexual de crianças e adolescentes na internet, segundo Oliveira, os grupos criminosos têm inventado outras formas de compartilhar e vender esse tipo de conteúdo.

Ele ressaltou, ainda, a dificuldade das autoridades em lidar com a situação. “Não só pela questão técnica, mas também porque a maioria destas páginas se encontra hospedada em sites no exterior, onde nossa legislação não vale”.

Como exemplo, citou países como a Rússia, o Camboja, Vietnã e a Bulgária, onde estão hospedadas mais de 450 páginas em português que comercializam ponografia infantil.

Nesses casos, é preciso um acordo de cooperação entre o Brasil e o país onde o site está hospedado para que a página seja retirada do ar e os responsáveis sejam identificados.

Para a deputada Erika Kokay, existe uma mudança no modo como as redes funcionam. “Agora as crianças e adolescentes não ficam mais tão expostas nas ruas. Elas são disponibilizadas virtualmente. É preciso que as autoridades atentem para a questão”, alertou.

http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/11/29/menos-de-1-de-criancas-e-adolescentes-vitimas-de-pornografia-na-internet-sao-identificados.htm

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Projeto aumenta punição contra abuso sexual de criança


Projeto aumenta punição contra abuso sexual de criança

A Câmara analisa o Proje
to de Lei 4239/12, do Senado, que torna mais rigorosa a punição contra quem prostituir ou explorar sexualmente crianças e adolescentes. Atualmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) determina multa e reclusão de quatro a dez anos a quem praticar o crime.
A proposta mantém a multa e aumenta em dois anos o período mínimo e máximo de reclusão (que passa a ser de 6 a 12 anos). O texto também amplia a tipificação do crime para incluir quem facilitar ou estimular o abuso de crianças e adolescentes pela internet.
O projeto, de autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), determina ainda que a União colabore com estados e municípios na realização de campanhas institucionais e educativas periódicas de combate a esse tipo de crime.
As iniciativas públicas ou privadas que contribuam para políticas de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes poderão ser reconhecidas pelo poder público, por meio de selo indicativo, segundo regulação específica.
Turismo sexual
A proposta também altera a Política Nacional de Turismo (Lei 11.771/08). Entre os objetivos listados dessa política está prevenir e combater atividades turísticas relacionadas aos abusos de natureza sexual e outras que afetem a dignidade humana.
Embora sem detalhar, o projeto estabelece que esses abusos, quando cometidos contra crianças e adolescentes, sejam tratados de forma especial.
Tramitação
A proposta será analisada em conjunto com o PL 5658/09 e outros 16 projetos que tramitam apensados. Os textos serão votados pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania; e pelo Plenário.
Íntegra da proposta:PL-4239/2012 Reportagem – Rodrigo Bittar
Edição – Pierre Triboli

http://correiodobrasil.com.br/projeto-aumenta-punicao-contra-abuso-sexual-de-crianca/549290/#.UK67N-RJPng







A cada 15 segundos, uma mulher é violentada no Brasil.

Diga não à violência contra a mulher!

Hoje, dia 25 de novembro, é o Dia Latino-americano e Caribenho de Luta Contra a Violência Contra a Mulher. Nós, da Marcha Mundial das Mulheres, vimos a publico expressar a nossa indignação frente à persistência e à crueldade da violência contra a mulher e a falta de empenho e compromisso dos governos e 
órgãos competentes para reverter esta situação.

A violência contra a mulher é a maior expressão das desigualdades vividas entre homens e mulheres na sociedade. A raiz desta violência está no sistema patriarcal e é agravada no sistema capitalista, que impõe uma necessidade de controle, apropriação e exploração do corpo, da vida e da sexualidade das mulheres.

A violência marca o cotidiano de milhares de mulheres que têm suas integridades físicas e psicológicas violadas, a sexualidade controlada, receosas em espaços públicos, com sua liberdade de ir e vir cerceada, e suas vidas profissionais, limitadas. Hoje, outras formas de expressão do machismo e misoginia têm se intensificado na sociedade, como a mercantilização do corpo e da vida das mulheres, com a imposição de padrões estéticos e de beleza baseados na magreza e na eterna juventude. Essa imposição reforça o consumo exacerbado e fútil, ao mesmo tempo em que mina o amor próprio das mulheres.

A violência se intensifica quando aliada ao racismo, que tem feito das jovens, principalmente negras, as maiores vítimas do tráfico de mulheres e do aliciamento à prostituição, que alimenta o capital de grandes empresas e máfias pelo Brasil e mundo afora.

Os crimes de ódio e a banalização da violência têm sido tristes marcas do último período, com a morte de Eliza Samudio, em Minas Gerais, e de Mércia Nakashima, em Guarulhos. São exemplos que se ressaltam pelo nível da crueldade e banalização destas vidas, além do descaso, pois elas já haviam denunciado a situação.

Há mais de quatro décadas o movimento feminista brasileiro vem lutando para que a violência sexista seja compreendida como um problema político e social, fundado nas relações de poder entre homens e mulheres. Mas que por se dar, na maioria das vezes, nas relações familiares e afetivas, a sociedade tenta naturalizar ou tratar como algo privado e sem relevância social. Neste sentido, a criação da lei Maria da Penha contribuiu para desnaturalizar e tipificar a violência contra a mulher como um crime. O grande desafio após seis anos da lei é implementá-la na pratica em todas as suas dimensões. Os obstáculos estão fundados na omissão de muitos governos estaduais e municipais, que se somam ao machismo impregnado no sistema judiciário e órgãos afins, para que a lei Maria da Penha se transforme em letra morta. Sabemos que, para superar de fato a violência contra a mulher, são necessárias políticas estruturais que alterem o status da mulher na sociedade, e políticas públicas de apoio e prevenção à violência. Mas não abrimos mão de que também haja punição, pois a impunidade dos agressores é que lhes dá a certeza de continuar praticando a violência. Recai sobre a mulher todo o estigma da violência, enquanto o agressor é poupado e preservado em sua cidadania.


Nós acreditamos que só as mulheres organizadas em luta poderão transformar essa realidade, por isso, neste, 25 de novembro de 2012, estamos nas ruas denunciando a violência, pois queremos que ela seja considerada algo inaceitável por todas à sociedade.

VOCÊ SABIA QUE...
... uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil e que o Brasil é 12° no ranking mundial de assassinatos de mulheres?
... que 40% dessas mulheres têm entre 18 e 30 anos?
... a maioria das vítimas é morta por parentes, maridos, namorados, ex-companheiros ou homens que foram rejeitados por elas?








O estupro de homens / Will Storr


Autor: Will Storr
FonteThe Guardian
TraduçãoLuiz Henrique Coletto
Violência sexual é uma das mais terríveis armas de guerra, um instrumento de terror utilizado contra mulheres. Contudo, grandes quantidades de homens também são vítimas. Neste relato pungente, Will Storr viaja para Uganda para se encontrar com sobreviventes traumatizados e revela como o estupro de homens é endêmico em muitos outros conflitos do mundo.
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Morrendo pela vergonha: uma vítima de estupro do Congo, atualmente vivendo em Uganda. A esposa deste homem o abandonou, pois ela não podia aceitar o que havia acontecido. Ele tentou cometer suicídio no final do ano passado, 2010. Foto: Will Storr for the Observer.
De todos os segredos de guerra, há um que é tão bem guardado que existe sobretudo como um rumor. É frequentemente negado pelo criminoso e sua vítima. Governos, agências humanitárias e ativistas de direitos humanos das Nações Unidas  mal reconhecem sua possibilidade. Ainda assim, de vez em quando alguém reúne coragem para falar sobre isso. Foi isso que aconteceu numa tarde comum no escritório de uma gentil e cuidadosa conselheira em Kampala, Uganda. Eunice Owiny foi empregada pelo Projeto Legal de Refugiados (RLP) da Universidade de Markerere [maior instituição acadêmica de Uganda] para auxiliar pessoas desalojadas por toda a África a lidarem com seus traumas. Este caso em particular, entretanto, era um enigma. Uma cliente mulher estava com problemas maritais. “Meu marido não pode fazer sexo“, ela se queixava. “Ele se sente muito mal com isso. Estou certa de que há algo que ele está escondendo de mim.
Owiny convidou o marido para entrar. Por algum tempo, eles não chegaram a lugar nenhum. Então Owiny pediu para que a esposa saísse da sala. O homem então murmurou misteriosamente: “Aconteceu comigo.” Owiny franziu a testa. Ele colocou a mão no bolso e tirou de lá uma espécie de velho absorvente. “Eunice“, ele falou, “Estou sentindo dor. Eu tenho que usar isso.
Deixando aquele absorvente coberto de pus na mesa à sua frente, ele contou seu segredo. Durando sua fuga da guerra civil no vizinho Congo, ele foi separado de sua esposa e capturado por rebeldes. Seus captores o estupraram, três vezes por dia, todos os dias, durante três anos. E ele não foi o único. Ele assistiu a homem após homem serem pegos e estuprados. Os ferimentos de um deles eram tão graves que ele morreu numa cela em frente à dele.
Aquilo foi muito difícil de lidar para mim,” Owiny me conta hoje. “Há certas coisas que você simplesmente não acredita que possam acontecer a um homem, você entende? Mas agora eu sei que violência sexual contra homens é um grande problema. Todos ouviram as histórias das mulheres. Mas ninguém ouviu as dos homens.
Não é apenas no Oeste da África que essas histórias permanecem desconhecidas. Uma das poucas pesquisadoras que lidou com o tema com alguma profundidade é Lara Stemple, do Projeto Legal em Saúde e Direitos Humanos da Universidade da Califórnia. O estudo dela chamado Male Rape and Human Rights [Estupro Masculino e Direitos Humanos, em tradução livre] observa incidentes de violência sexual com homens como uma arma em períodos de guerra ou de agressão política em países como Chile, Grécia, Croácia, Irã, Kuwait, a antiga União Soviética e a antiga Iugoslávia. Vinte e um por cento de homens do Sri Lanka que foram atendidos num centro de tratamento para torturados, em Londres, relataram abuso sexual enquanto estiveram presos. Em El Salvador, 76% dos prisioneiros políticos entrevistados nos anos 1980 descreveram pelo menos um incidente de tortura sexual. Um estudo com 6.000 detentos de um campo de concentração em Saravejo [capital da Bósnia] descobriu que 80% dos homens relataram terem sido estuprados.
Vim a Kampala para ouvir as histórias dos poucos homens corajosos que concordaram em falar comigo: uma rara oportunidade de apurar sobre um controverso e profundo tabu. Em Uganda, sobreviventes correm o risco de serem presos pela polícia, uma vez que estão mais suscetíveis a assumirem [os policiais] que estes homens são gays – um crime em Uganda e em outras 38 das 53 nações africanas. Eles provavelmente serão ostracizados pelos amigos, rejeitados pela família e ignorados pelas Nações Unidas e pela miríade de organizações não governamentais (ONGs) internacionais que estão equipadas, treinadas e prontas para ajudar mulheres. Esses homens estão feridos, isolados e em perigo. Nas palavras de Owiny: “Eles foram desprezados.
Entretanto, eles estão dispostos a falar, em grande parte graças ao diretor britânico do RLP, Dr. Chris Dolan. Dolan ouviu falar pela primeira vez em violência sexual contra homens em períodos de guerra no final dos anos 1990 enquanto pesquisava para sua tese de doutorado no norte de Uganda, e ele percebeu que o problema poderia estar dramaticamente subestimado. Interessado em ter uma compreensão mais ampla da profundidade e natureza do problema, ele colocou alguns cartazes por toda Kampala em junho de 2009 anunciado um “workshop” sobre o assunto numa escola local. No dia marcado, 150 homens apareceram. Numa explosão de sinceridade, um dos homens admitiu: “Isso aconteceu com todos nós aqui.” Logo se tornou de conhecimento dos 200.000 refugiados ugandenses que o RLP estava ajudando homens que haviam sido estuprados durante conflitos. Lentamente, mais vítimas começaram a aparecer.
Encontrei Jean Paul no quente e empoeirado telhado do edifício do RLP em Old Kampala [região da capital]. Ele vestia uma camisa de botões vermelha e mantinha-se segurando o pescoço para baixo, seus olhos fixos no chão, como numa espécie de desculpas por sua impressionante altura. Ele tem o lábio superior mais proeminente que treme de forma contínua – uma condição nervosa que o faz parecer à beira das lágrimas.
Jean Paul estava na universidade no Congo, estudando engenharia eletrônica, quando seu pai – um empresário rico – foi acusado pelo exército de estar ajudando o inimigo e morto a tiros. Jean Paul fugiu em janeiro de 2009, para logo ser raptado por rebeldes. Junto de outros seis homens e seis mulheres, ele foi levado para uma floresta no Parque Nacional Virunga.
Mais tarde naquele dia, os rebeldes e seus prisioneiros encontraram-se com seus comparsas que estavam acampados na mata. Pequenas fogueiras podiam ser vistas aqui e ali entre as sombrias fileiras de árvores. Enquanto as mulheres foram colocadas para fora para preparar comida e café, 12 combatentes armados cercaram os homens. De seu lugar no chão, Jean Paul olhou para cima para ver o comandante inclinando-se entre eles. Com seus 50 anos, era careca, gordo e usava uniforme militar. Vestia uma bandana vermelha ao redor do pescoço e tinha pedaços de arbustos amarrados ao redor dos cotovelos.
Vocês são todos espiões,” disse o comandante. “Vou mostrar a vocês como punimos os espiões.” Ele apontou para Jean Paul. “Tire suas roupas e fique posicionado como um homem muçulmano.
Jean Paul pensou que ele estivesse brincando. Ele balançou a cabeça e disse: “Eu não posso fazer essas coisas.
O comandante chamou um rebelde. Jean Paul podia ver que ele tinha apenas nove anos de idade. Foi dito ao menino, “Bata neste homem e tire as roupas dele.” O garoto atacou Jean Paul com a coronha da arma. Finalmente, Jean Paul implorou: “Ok, ok. Eu tiro minhas roupas.” Uma vez nu, dois rebeldes o seguraram numa posição ajoelhada com sua cabeça empurrada contra o chão.
Naquele momento, Jean Paul interrompeu o relato. A tremedeira em seu lábio superior era mais evidente do que nunca, ele baixou a cabeça um pouco e disse: “Sinto muito pelas coisas que vou dizer agora.” O comandante colocou a mão esquerda na nuca de Jean Paul e usou a mão direita para bater em sua bunda “como num cavalo”. Entoando uma canção de feiticeiro, e com todos assistindo, ele começou. No momento em que ele começou a estuprá-lo, Jean Paul vomitou.
Onze rebeldes aguardavam numa fila e estupraram Jean Paul. Quando ele estava muito exausto para se manter [naquela posição], o próximo agressor envolvia o braço ao redor do quadril de Jean Paul e o levantava pelo estômago. Ele sangrava sem parar: “Muito, muito, muito sangramento,” ele diz, “Eu podia sentir como se fosse água.” Cada um dos homens prisioneiros foi estuprado 11 vezes aquela noite e em todas as noites que se seguiram.
No nono dia, eles estavam procurando por lenha quando Jean Paul viu uma enorme árvore com raízes que formavam uma pequena gruta. Agarrando aquele momento único, ele rastejou para dentro dela e ficou assistindo, trêmulo, aos rebeldes procurando por ele. Depois de cinco horas observando as pegadas dos soldados enquanto eles o procuravam, Jean Paul ouviu o plano deles: eles iriam disparar um rajada de tiros e dizer ao comandante que Jean havia sido morto. Finalmente ele saiu do esconderijo, fraco após seu calvário e pela dieta de apenas duas bananas por dia durante sua captura. Vestido apenas de cueca, ele rastejou pelo matagal “lenta, lenta, lenta, lentamente, como uma cobra” até a cidade.
"As organizações trabalhando com violência sexual não falam sobre isso. Chris Dolan, diretor do Projeto Legal de Refugiados. Foto: Will Storr for the Observer.
Hoje, apesar do tratamento hospitalar, Jean Paul ainda sangra quando caminha. Como muitas vítimas, seus ferimentos são tão graves que ele deveria restringir sua dieta a alimentos leves como bananas, as quais são caras, e Jean Paul pode pagar apenas por milho e painço [tipo de cereal]. Seu irmão seguidamente pergunta o que há de errado com ele. “Não quero contar a ele,” diz Jean Paul. “Temo que ele vá dizer: ‘Agora meu irmão não é um homem.‘”
É por esta razão que tanto agressor quanto vítima entram numa conspiração de silêncio e o motivo por que homens sobreviventes frequentemente descobrem, uma vez que suas histórias são descobertas, que perderam o apoio e o conforto daqueles que os cercam. Nas sociedades patriarcais que existem em muitos países em desenvolvimento, papéis de gênero estão rigidamente definidos.
Na África, a nenhum homem é permitido ser vulnerável,” diz a funcionária do RLP que lida com questões de gênero, Salome Atim. “Você tem que ser masculino, forte. Você nunca deve desmoronar ou chorar. Um homem deve ser um líder e provedor para a família toda. Quando ele falha em alcançar este padrão, a sociedade entende que há algo errado.
Às vezes, afirma ela, esposas que descobrem que seus maridos foram estuprados decidem abandoná-los. “Elas me perguntam: ‘Agora como que vou viver com ele? Como o quê? Isso ainda é um marido? É uma esposa?’ Elas perguntam, ‘Se ele pode ser estuprado, quem está me protegendo?’ Há uma família com a qual estou lidando de perto em que o marido foi estuprado duas vezes. Quando a esposa descobriu, ela foi para casa, embrulhou suas coisas, pegou as crianças e foi embora. Claro que aquilo destruiu com os sentimentos daquele homem.
De volta ao prédio do RLP, fico sabendo sobre as outras formas de sofrimento infligidas àqueles homens. Eles não são apenas estuprados, são forçados a penetrar buracos em bananeiras em que corre seiva ácida, a sentar com seus genitais numa fogueira, a arrastar pedras amarradas a seus pênis, a fazer sexo oral a filas de soldados, à penetração com chaves de fenda e pedaços de pau. Atim já viu tantos sobreviventes que, com frequência, ela pode apontá-los no momento em que se sentam. “Eles tendem a se inclinar para a frente e geralmente vão sentar sobre uma das nádegas,” ela me relata. “Quando tossem, eles seguram suas partes inferiores. Algumas vezes, haverá sangue na cadeira quando eles se levantarem. E com frequência eles têm um odor característico.
Porque há tão pouca pesquisa sobre estupro masculino em períodos de guerra, não é possível afirmar com alguma certeza por que isso ocorre ou mesmo quão frequente é – ainda que uma rara pesquisa de 2010, publicada no Journal of American Medical Association, tenha encontrado que 22% dos homens e 30% das mulheres no leste do Congo relataram violência sexual decorrente de conflitos. Conforme afirma Atim: “Nosso pessoal está sobrecarregado com os casos que temos, mas em termos de números reais? Esta é a ponta do iceberg.
Mais tarde conversei com a Dr. Angella Ntinda, que lida com encaminhamentos do RLP. Ela me diz: “Oito de dez pacientes do RLP vão falar sobre algum tipo de abuso sexual.
Oito em cada dez homens?“, esclareço.
Não. Homens e mulheres,” ela diz.
E quanto aos homens?
Creio que todos eles.
Eu estou horrorizada.
“Todos eles?” eu pergunto.
Sim,” ela afirma. “Todos eles.
A pesquisa de Lara Stemple na Universidade da Califórnia não mostra apenas que a violência sexual contra homens é um componente das guerras pelo mundo todo, ela também sugere que as organizações humanitárias internacionais estão falhando com vítimas do sexo masculino. O estudo dela cita uma revisão de 4.076 ONGs que lidaram com violência sexual em períodos de guerra. Apenas 3% delas mencionaram as experiências dos homens em sua literatura. “Tipicamente,” Stemple afirma, “com uma passagem curta de referência.
Foi dito a um homem: 'Temos um programa para mulheres vulneráveis, mas não para homens': uma vítima de estupro do Congo. Foto: Will Storr for the Observer.
Na minha última noite, fui à casa de Chris Dolan. Estávamos no topo de uma montanha, vendo o sol se pôr nas redondezas de Salama Road e Luwafu, com o lago Victoria ao longe. À medida que o céu foi passando do azul para o lilás e para o preto, uma miríade confusa de luzes brancas, verdes e laranjas cintilavam; pontinhos de luz de um acidente distante no vale apareciam. Um burburinho magnífico vinha disso tudo. Bebês chorando, crianças jogando, cigarras, galinhas, pássaros, vacas, televisores e, sobressaindo-se sobre tudo isso, um chamado para orar numa mesquita distante.
As descobertas de Stemple sobre o fracasso das agências humanitárias não é surpresa para Dolan. “As organizações trabalhando com violência sexual e de gênero não falam sobre isso“, ele afirma. “É sistematicamente silenciado. Se você for muito, muito sortudo eles darão a isso uma menção tangencial no final do relatório. Você deve conseguir cinco segundos de: ‘Ah, e homens também podem ser vítimas de violência sexual.’ Mas não há quaisquer dados, nenhuma discussão.
Como parte de um esforço em corrigir isso, o RLP produziu um documentário, em 2010, chamado Gender Against Men [O Gênero Contra os Homens, em tradução livre]. Quando ele foi exibido, Dolan disse que tentativas de impedi-lo foram feitas. “Essas tentativas foram feitas por pessoas bem conhecidas, agências humanitárias internacionais?” eu questiono.
Sim,” ele responde. “Há um temor entre eles de que este é um jogo de soma-zero; de que há um bolo pré-definido e se você começar a falar sobre homens, você irá de algum modo comer um naco deste bolo que eles levaram bastante tempo para assar.” Dolan comenta sobre um relatório de 2006 das Nações Unidas que se seguiu a uma conferência internacional sobre violência sexual nesta área do leste africano.
Eu sei de fato que as pessoas por trás do relatório insistiram para que a definição de estupro fosse restrita a mulheres,” ele afirma, completando que um dos doadores do RLP, Dutch Oxfam, recusou-se a fornecer qualquer outra doação a menos que ele [Dolan] prometesse que 70% dos clientes fossem mulheres. Ele também se recorda de homem cujo caso era “particularmente grave” e que foi designado para a agência de refugiados da ONU, a UNHCR. “Eles o disseram: ‘Nós temos um programa para mulheres vulneráveis, mas não para homens.’
Isso me lembra de uma cena descrita por Eunice Owiny: “Há um casal“, ela conta, “O homem foi estuprado, a mulher foi estuprada. A divulgação é fácil para a mulher. Ela recebe o tratamento médico, ganha atenção, é apoiada por diversas organizações. Mas o homem está isolado, morrendo.
Em resumo, é exatamente isso que ocorre,” Dolan confirma. “Parte do ativismo em torno dos direitos das mulheres é: ‘Vamos provar que mulheres são tão boas quanto os homens.’ Mas o outro lado disso é que você deveria olhar para o fato de que homens podem ser fracos e vulneráveis.
Margot Wallström, a representante especial para violência sexual em conflitos do Secretário-Geral da ONU, insiste em uma declaração que a UNHCR estende seus serviços para refugiados de ambos os gêneros. Mas ela reconhece que o “grande estigma” que homens enfrentam indica que o número real de sobreviventes é maior do que o reportado. Wallström diz que o foco permanece nas mulheres porque elas são “a esmagadora maioria” das vítimas. Ainda assim, ela complementa, “nós de fato sabemos de muitos casos de homens e meninos sendo estuprados.
Mas quando contato Stemple por e-mail, ela relata “uma constante tecla batida em que mulheres são as vítimas de estupro e um ambiente em que homens são tratados como uma “classe agressora monolítica”.”
Leis internacionais de direitos humanos deixam os homens de lado em praticamente todos os instrumentos elaborados para tratar de violência sexual“, ela prossegue. “A Resolução 1.325 do Conselho de Segurança da ONU, em 2000, trata violência sexual em tempos de guerra como algo que impacta apenas mulheres e meninas… A Secretária de Estado Hillary Clinton recentemente anunciou 44 milhões de dólares para implementar esta resolução. Por causa de seu foco inteiramente em vítimas mulheres, parece improvável que qualquer parte destes fundos vá atingir os milhares de homens e meninos que sofrem deste tipo de abuso. Ignorar o estupro masculino não só negligencia os homens, também fere as mulheres ao reforçar um ponto de vista que iguala ‘mulher’ com ‘vítima’, assim dificultando nossa capacidade de ver mulheres como fortes e empoderadas. Num mesmo sentido, o silêncio sobre vítimas homens reforça expectativas deletérias sobre homens e sua suposta invulnerabilidade.”
Considerando-se  a conclusão de Dolan de que “o estupro de mulheres é significativamente sub-reportado e que o de homens quase nunca é reportado“, eu pergunto a Stemple se, baseando-se em sua pesquisa, ela acredita que isso seja uma parte até agora inimaginável de todas as guerras. “Ninguém sabe, mas eu realmente acho que é seguro dizer que é provável que isso tenha sido parte de muitas guerras ao longo da história e o tabu tenha desempenhado uma parte neste silêncio.
Enquanto deixo Uganda, há um detalhe de uma história que não consigo esquecer. Antes de receber ajuda do RLP, um homem foi ver seu médico local. Ele contou ao médico que foi estuprado quatro vezes, que estava ferido e depressivo e que sua mulher havia ameaçado deixá-lo. O médico deu a ele Paracetamol.
Os nomes dos sobreviventes foram modificados e suas identidades ocultados para a proteção deles. O Projeto Legal de Refugiados (RLP) é uma organização parceira da Christian Aid (christianaid.org.uk)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Filhas do Silêncio / Bya Albuquerque

Quando fundei a comunidade, dei o nome de "Filhas do Silêncio". Com o tempo percebi que não eram somente filhas, mas também filhos. E com o passar de anos vi que há outra categoria de filhas e filhos do silêncio: aquela que sabia dos abusos e se calava.
Recebo muitos e-mails dos parentes das vítimas que não sabiam como agir ou não queriam se intrometer. Isso é muito triste e brutal, pois omissão também é crime, já que dá poder ao abusador e gera mais violência.
Percebi também que essa omissão geralmente ocorre nas classes sociais mais altas, onde a denuncia poderá gerar não só desconfiança, mas também escândalos onde a vítima será julgada e condenada...mesmo sendo a VÍTIMA. Muitos julgam e poucos são que estendem a mão...
No meu caso não foi diferente. Até hoje sou repudiada pela família, inclusive a minha mãe e minha irmã. Sorte da minha irmã, pela qual aguentei tantos anos de abuso e que me acha louca, porém teve e tem uma vida com escolhas, escolhas que eu permiti que tivesse, escolhas essas que não tive. Sorte da minha mãe, que com a morte do meu pai livrou-se de um déspota e recomeçou a viver. Sorte também da família paterna e dos amigos, que jogam a culpa da loucura em mim e, com isso, podem dormir em paz. Mas o que eles não sabem é que poderiam ter salvo uma vida. E o que desconhecem é que o abuso sexual pode ocorrer com qualquer um. Fechar os olhos e se calar não resolve o problema e nem apaga o passado.
Por falar em passado, minha mãe sempre "joga" na minha cara que devo parar de vivencia-lo. Muitas pessoas acham isso. Mas o que elas não sabem...não entendem ou não querem entender é que o nosso (dos abusados) presente é construído com os fatos do passado e que o nosso futuro também será baseado no mesmo. Eu não vivo do passado, jamais me lamento por ele...mas não posso negar as consequências do mesmo: stress pós traumático e suas doenças como: produção do hormônio cortisol que engorda horrores, depressão, fobia social, baixa estima, transtornos alimentares, auto mutilação, insônia e outros...
Portanto, nós os abusados não vivemos...sobrevivemos.
Fora as besteiras que somos obrigados a ouvir...
Resolvi escrever o texto porque sinto-me triste com tanto descaso e indiferença.Taxar uma vítima de "problemática" é negar o problema e o abuso. É o que minha mãe e a família faz.













segunda-feira, 19 de novembro de 2012

EM PAZ / Amado Nervo


Muito perto do meu ocaso eu a bendigo, Vida.
Porque nunca me destes nem a esperança falida
nem trabalhos injustos,

nem sofrimento imerecido.

Porque vejo ao final do meu rude caminho,
que fui o arquiteto do meu próprio destino;
que se extraí mel ou fel das coisas
foi porque nelas coloquei fel ou mel saboroso;
quando plantei roseiras, colhi sempre rosas.

...Certo, ao meu verdor vai seguir o inverno:
mas tu não me dissestes que maio seria eterno!
Achei, sem dúvida , longas as noites de meus sofrimentos;
mas não me prometestes apenas noites boas;
e também tive algumas santamente serenas...

Amei, fui amado e o sol acariciou a minha face.
Vida, nada me deves! Vida, estamos em paz!

Autor: Poeta Amado Nervo






domingo, 18 de novembro de 2012



Assim, pelos olhos, o amor atinge o coração:
Pois os olhos são os espiões do coração.
E vão investigando 
O que agradaria a este possuir.
E quando entram em ple
no acordo.
E, firmes, os três em um só se harmonizam,
Nesse instante nasce o amor perfeito,
nasce daquilo que os olhos tornaram bem-vindo ao coração.
O amor não pode nascer nem ter início senão
Por esse movimento originado do pendor natural.
Pela graça e o comando
Dos três, e do prazer deles,
Nasce o amor, cuja clara esperança
Segue dando conforto aos seus amigos.
Pois, como sabem todos os amantes verdadeiros,
o amor é bondade perfeita,
Oriunda - ninguém duvida - do coração e dos olhos.
Os olhos o fazem florescer; o coração o amadurece:
Amor, fruto da semente pelos três plantada.

Guiraut de Borneilh










terça-feira, 13 de novembro de 2012

Chove. Há Silêncio
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva 
Não faz ruído senão com sossego. 
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva 
Do que não sabe, o sentimento é cego. 

Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

- Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Os abusados e as drogas / Bya Albuquerque


Eu sempre estou postando,tanto no grupo...como na página sobre drogas ilícitas ou não. Isso porque a grande maioria dos adultos abusados na infância / adolescência procuram conforto em alguma droga. Alguns partem para as drogas mais pesadas e outros, assim como eu, procuram paz nas drogas lícitas. Eu já fumei muito, mas faz anos que não coloco um cigarro na boca. Em compensação, procuro ajuda na cerveja e misturo com os remédios de tarja preta. Não tenho vergonha de contar isso...sei que não serve de justificativa...mas não sou a única. O bom é que a cerveja sozinha não faz efeito algum em mim...posso tomar quanto quiser. Os remédios sem a cerveja também não fazem efeito, então...Nesses últimos meses a cerveja tem sido o meu único alimento. Em vez de quando, consigo fazer uma refeição diária, que geralmente acaba me fazendo passar mal. O triste é ver tantos amigos virtuais abusados na mesma situação...e mais triste são aqueles que fazem uso de drogas pesadas. A cura para nós, que usamos drogas lícitas não é sermão e sim, carinho e compreensão. Muitas vezes acordo como intuito de não beber...aguento praticamente o dia todo e, à noite, vou comprar cerveja...que nem hoje que ainda não comi nada sólido. É triste, porém real. Realidade que atinge a quase todos os abusados. O que fazer? Sinceramente, não sei...




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Droga lícita / Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Droga lícita é uma droga cuja produção e uso são permitidos por lei, sendo liberada para comercialização e consumo. São drogas lícitas, por exemplo, as bebidas alcoólicas e o cigarro.
Observa-se aqui que o fato de serem liberadas não significa que não tenham algum tipo de controle governamental, bem como não provoquem algum prejuízo à saúde mental, física e social. Isto dependerá de múltiplos fatores tais como quantidade, qualidade e frequência de uso.
As drogas lícitas mais consumidas pela população em geral são: álcooltabaco,benzodiazepínicos (remédios utilizados para reduzir a ansiedade ou induzir o sono);xaropes (remédios para controlar a tosse e que podem ter substâncias como acodeína, um derivado do ópio); descongestionantes nasais (remédios usados para desobstruir o nariz) os anorexígenos (utilizados para reduzir o apetite e controlar o peso);Suplementos alimentares e os anabolizantes (hormônios usados para aumentar a massa muscular). [1]
O termo droga possui uma aplicação bastante específica. Segundo a definição literal, vê-se que droga é uma substância de uso médico ou terapêutico, ou ainda, aquilo que tem efeito entorpecentealucinógeno ou excitante, cujo uso pode levar a dependência.

As substâncias que recebem esta denominação classificam-se em lícitas, de aplicação estritamente médica e terapêutica recomendada e controlada por profissional médico devidamente inscrito e habilitado no órgão competente da classe, e ilícitas, que são aquelas danosas à saúde ou ofensivas à moral sendo, portanto, proibidas por lei e reprimidas pelo ordenamento pátrio. Contudo existem as drogas lícitas de uso recreativo como as bebidas alcoólicas, tão prejudiciais à saúde quanto as drogas ilícitas.

Referências

Como falar com as crianças sobre pedofilia


Como falar com as crianças sobre pedofilia

Publicado em 
É comum os pais não se sentirem tão à vontade para conversar com seus filhos sobre abuso sexual. Realmente, não é um tema fácil de ser falado, mas diante de tantos casos que acontecem, é importante que os pais, que já têm o conhecimento acerca de como os filhos podem se proteger, passem estas informações para os filhos.
Em primeiro lugar, é importante que os próprios pais procurem saber mais sobre o assunto. Muitas pessoas pensam que devem ensinar seus filhos a ficarem distantes de pessoas mal encaradas e desconhecidas, sem saber que os principais abusadores de crianças são pessoas que elas conhece e confiam.
Veja como proteger e orientar:
- É importante que os pais estejam juntos ao conversarem sobre o assunto com a criança para que ela saiba que pode confiar no pai e na mãe e que pode contar para eles qualquer coisa que acontecer.
- Fale com a criança sobre como é o corpo e sobre quais partes dele não devem ser tocadas por ninguém e nem devem ser tocadas em outra pessoa, por mais que elas peçam isto.
- Ensine a criança a dizer não. Se alguma pessoa, adulto, criança ou idoso, pedir que ela toque nestas partes do corpo da outra pessoa ou pedir para tocar no seu corpo e suas partes íntimas, ensine a dizer um “não” bem enfático.
- Ensine seu filho (a) a gritar, também. Mesmo após dizer não, devem gritar por socorro quando alguém insistir que os toquem ou que desejam tocá-los e, em seguida, correr, saindo do local em busca de socorro e procurando alguém de sua confiança para contar sobre o que aconteceu. Se o pai ou a mãe não estiverem presentes no local em que isto acontecer, as crianças podem ser instruídas a contarem para uma professora ou para um parente que gostem.
- Ensine a criança que, se alguém tentar tocá-la ou pedir para ser tocado, e pedir que ela não conte para ninguém e mantenha segredo sobre isto, ou se disser que é melhor não contar para ninguém porque senão as pessoas não acreditarão nela, isto não deve ser obedecido, e ela deve contar para seus pais a respeito do que aconteceu.
Algumas orientações também devem ser dadas com relação ao cuidado que as crianças devem ter em ambientes virtuais (sites, redes sociais, chats, etc), uma vez que o Brasil é um dos países com o maior número de crimes de pedofilia pela internet:
1. Oriente os filhos para que saibam quando um adulto se aproxima de forma inconveniente
2. Domine os mistérios do computador e da internet.
3. Evite câmeras de internet no quarto das crianças.
4. Instale o computador em um lugar da casa onde todos circulam.
5. Observe se a criança diminui a tela quando os pais se aproximam.
6. Orientar os filhos sobre sites duvidosos.
7. Evite que as crianças coloquem suas imagens e informações pessoais na rede.
Para fazer qualquer denúncia com relação a abuso sexual, disque 100 e receberá a devida atenção.

CRIANÇAS QUE ABUSAM OUTRAS CRIANÇAS


MELBOURNE, Austrália (LifeSiteNews.com)
Organizações de assistência infantil e que combatem a pedofilia no Estado de Vitória relatam que estão lidando com um número crescente de casos de crianças que estão abusando sexualmente de outras crianças, e apontam para a proliferação e acesso fácil de pornografia em dispositivos portáteis como a causa.
Bernie Geary, diretor da Secretária de Segurança das Crianças do Estado de Vitória, disse para o jornal The Age: “Se você está preparado para colocar seus filhos no mundo eles vão ser inundados com esse tipo de informação [pornografia]. Você precisa estar em condições de a) protegê-los, ou b) aguardar quais serão as consequências absolutamente desgraçadas”.
Essas “consequências desgraçadas” — conduta sexualmente abusiva entre crianças até de nove anos de idade — estão “explodindo”, de acordo com Carolyn Worth, coordenadora estadual dos Centros Contra Violência Sexual (CCVS) de Vitória. Ela disse que o número de crianças encaminhadas que demonstram conduta sexualmente abusiva é muito maior do que os materiais que eles têm para ajudá-las. Havia 237 vagas em todo o estado em programas que lidam com problemas de conduta sexual financiados pelos CCVS, mas houve 414 encaminhamentos, disse ela.
Worth disse que a maioria, mas não todas, as crianças mais novas (de cinco a nove anos de idade) foram encaminhadas para os programas porque haviam sido vítimas de abuso, sendo que a maioria eram meninos. Contudo, ela observou que problemas de conduta sexual entre meninas — mencionando uma menina de onze anos no programa que enviava fotos sexualmente explícitas de si mesma através do celular) — estavam também piorando.
“É evidente que a pornografia torna as pessoas insensíveis, provavelmente dando-lhes uma ideia estranha do que é o melhor modo de interagir com outras pessoas, principalmente com mulheres”, disse Worth. “Se as pessoas passam muito tempo vendo pornografia, elas não têm nenhuma ideia de como realmente fazer para ter sexo com outros. Elas simplesmente não entendem isso”.
Worth explicou que algumas crianças encaminhadas para os programas dos CCVS que lidam com problemas de conduta sexual tinham problemas tão graves que a participação delas foi proibida porque a conduta delas era criminosa.
Geary avisou: “Isso é um alerta para os pais. Não pense que essa questão não merece preocupação. Não pense que são as escolas que devem cuidar disso. Isso é algo que deve ser lidado em casa, de modo bem forte”.
“Não tenho simpatia por pais que não ficam próximos de seus filhos para protegê-los, pois essa responsabilidade faz parte do papel de criar e educar filhos”, Geary disse, mas avisou que não dá para culpar as crianças por serem expostas à pornografia e a resultante confusão nas vidas delas.
“Não é que as crianças estão imitando mais em suas condutas hoje do que no passado. O caso é que o mundo adulto está forçando informações para crianças numa força muito maior do que as crianças já experimentaram antes. É por isso que temos de lidar com isso”, disse Geary.
Tradução: www.juliosevero.com
Fonte: LifeSiteNews








domingo, 11 de novembro de 2012

Novo depoimento...

NO SEGUNDO BLOG, LEIAM A TRISTE HISTÓRIA DO PAULO...BYA


‎"O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos, como algo separado do resto do universo numa espécie de ilusão de óptica de sua consciência. E essa ilusão é um tipo de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos a ao afeto apenas pelas pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão ampliando nosso circulo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá atingir completamente este objetivo mas, lutar pela sua realização, já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior." (Albert Einstein)  Assim eu vejo a vida. A vida tem duas faces: positiva e negativa. O passado foi duro, mas deixou o seu legado. Saber viver é a grande sabedoria. Que eu possa dignificar minha condição de mulher. Aceitar suas limitações. E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes. Aceitei contradições, lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo. Aprendi a viver."  (Cora Coralina)




sábado, 10 de novembro de 2012

"Há muita coisa a dizer que não sei como dizer. Faltam as palavras. Mas recuso-me a inventar novas: as que existem já devem dizer o que se consegue dizer e o que é proibido. E o que é proibido eu adivinho. Se houver força. Atrás do pensamento não há palavras: é-se. Minha pintura não tem palavras: fica atrás do pensamento. Nesse terreno do é-se sou puro êxtase cristalino. È-se. Sou-me. Tu te és."

- Clarice Lispector, in 'Água Viva', p. 27, Editora Rocco, 1998. 









sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Diante de tanta barbaridade...brutalidade e ignorância, vou me manter em silêncio e desejar de todo coração muita força e esperança para essa menina e uma chance dela viver e vencer...Bya.




Menina muçulmana de dezesseis anos de Bangladesh que foi estuprada e ganha 101 açoites pelo fato de ter ficado grávida pelo estupro. Seu pai foi multado e caso não pague será expulso da vila. Seu estuprador foi perdoado pelos anciãos. Ela disse ao jornal, que o estuprador tinha “estragado” a sua vida. “Eu quero justiça”, disse ela.O Mundo precisa de um Salvador, não de religiões!













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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Assédio sexual na prática médica / Manuel Maurício Gonçalves

UMA VEZ, AOS 16 ANOS E JÁ COM DEPRESSÃO, FUI CONSULTAR UM NEUROLOGISTA EM SANTOS (LEMBRO ATÉ DO NOME DELE). ELE APÓS AS PERGUNTAS ROTINEIRAS, PEDIU PARA QUE EU TIRASSE A BLUSA E O SUTIÃ. MESMO SUPER CONSTRANGIDA, PORÉM  COM MEDO, FIZ O QUE ELE PEDIU. ELE ME BOLINOU POR ALGUNS MINUTOS E DEPOIS MANDOU-ME VESTIR A ROUPA. DISPENSOU-ME COM O DISCURSO QUE ERA COISA DE ADOLESCENTE E QUE EU IA PRECISAR VOLTAR...
AO CHEGAR EM CASA, CONTEI AOS MEUS PAIS, QUE NÃO FIZERAM NADA. NUNCA MAIS VOLTEI A VER O TAL DOUTOR...BYA.


Por mais inconveniente e constrangedor que seja o tema, se faz necessário mexer nesta ferida, 
submergindo-se a raiz da questão. Há várias formas de assédio sexual em Medicina: o médico 
assediando a paciente, a paciente o médico, o paciente masculino a médica, a médica assediando 
o paciente e, por fim, o assédio homossexual.
A profissão do médico é tida pelas pacientes como merecedora de toda a confiança por ter o 
elevado objetivo de zelar pela saúde do ser humano, curar os males do corpo e da mente, corrigir 
distúrbios orgânicos, aliviar dores e salvar vidas. 
Apesar do seu pudor natural, ao se apresentarem a uma consulta, as pacientes concordam 
em se despir perante o médico, sabendo por que tal prática é necessária. 
Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendose de sua condição superior ou ascendência inerente ao exercício do emprego, cargo ou função 
é previsto na Lei 10.224 do Código Penal e no artigo 63 do Código de Ética Médica. O fato de 
a vítima ser a paciente fragilizada pela dor e sofrimento, que na maioria das vezes se cala por 
medo, vergonha ou para evitar conflitos e embaraços é um agravante.
Fatos relatados, verdadeiros ou fantasiosos, ficam restritos ao médico e à paciente. Não havendo provas materiais (filmagens, gravações periciadas ou ainda, testemunha ocular) prevalece 
o princípio de que “na dúvida, pró-réu”. Uma terceira pessoa acompanhando o exame é imprescindível.  A pessoa que pratica assédio sexual ou desrespeito ao pudor geralmente é compulsiva 
e, geralmente, o pratica de maneira repetitiva. 
A dissertação de mestrado de Júlio Cezar M. Gomesaborda este tema e os desvios de conduta 
profissional com intenções sexuais. Como pena administrativa máxima, a cassação do registro profissional chegou a 36%. Os Estados nos quais se registrou maior número de processos por assédio sexual 
se encontram na região Sudoeste (78,2%). As especialidades mais envolvidas foram Ginecologia 
e Obstetrícia (20,6%), Ortopedia, Cirurgia Plástica, Clínica Médica e Psiquiatria (5,5%). A faixa 
etária do profissional que apresentou maior concentração de denúncias estava situada na quinta 
década (31,2%). A infração no âmbito da instituição privada foi 47% enquanto na rede pública 
foi de 29,1%. O assédio de natureza discursiva foi 37,7% e o atentado ao pudor (manipulação) foi 
19,9%. Em 2001, concluiu-se em um estudo que a taxa de condenação em grau de recurso chegou 
a 85%. A amostra apreciada é pequena, porque só analisou os processos em recursos do Conselho 
Federal de Medicina, mas aponta que 94,8% dos envolvidos no ilícito foram homens.