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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Terapia é mais eficaz do que remédio contra depressão Falar pode ajudar casos graves da doença e ser mais eficiente do que antidepressivos

Pessoas que sofrem de depressão há muito tempo podem se beneficiar de terapia (conversa) quando outros métodos de tratamento, como o uso de medicamentos antidepressivos, não estiverem funcionando, sugere um novo estudo.
Somente nos Estados Unidos, cerca de 15 milhões de adultos sofrem de transtorno grave de depressão – casos severos da doença, que duram mais de duas semanas – segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental do país. A maioria das pessoas diagnosticadas com transtorno grave de depressão recebe a prescrição de antidepressivos, ao invés de irem direto para a terapia, explicou Ranak Trivedi, principal autora do estudo realizado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington.
Ela afirma, porém, que aproximadamente metade destas pessoas não se sentirá melhor depois de iniciar o tratamento com a medicação. 
Os manuais médicos oferecem algumas opções para tratar pacientes que não respondem aos primeiros medicamentos antidepressivos. O médico pode adicionar um novo remédio ao primeiro, ou trocar a medicação por completo. Muitas vezes são necessárias diversas tentativas até encontrar a medicação que irá ajudar o paciente a se sentir melhor. O médico também pode indicar a terapia tanto como tratamento complementar ou como substituto da medicação.
Entretanto, “embora os manuais sugiram que existem quatro formas de tratar pacientes que não respondem ao primeiro tratamento, costumamos optar pelo uso de medicamentos”, disse Trivedi à Reuters Health.
Para avaliar a eficácia da terapia em oposição ao uso de diferentes antidepressivos, Trivedi e sua equipe revisaram uma séria de sete estudos envolvendo aproximadamente 600 adultos como transtorno grave de depressão, que não tinham tido melhoras com o uso de medicação.
Cada um dos estudos funcionou como um “ensaio aleatório”, ou seja, médicos e pacientes não tiveram poder de escolha sobre cada tipo de tratamento a ser adotado; ao contrário, pacientes receberam diferentes tratamentos aleatoriamente. Este é o tipo mais confiável de estudo.
Os resultados, publicados no Journal of General Internal Medicine, foram favoráveis de forma geral. Alguns deles apontaram que os pacientes se beneficiaram mais da combinação terapia/medicação do que somente do uso de medicamentos. Outros mostraram que a terapia foi benéfica tanto como forma complementar quanto como único tipo de tratamento, mas nem tanto quanto trocar a prescrição do paciente ou usar medicamentos complementares.
Segundo os pesquisadores, os resultados mostram que a terapia através da conversa pode ser promissora para aqueles que não vêem melhora com o uso de medicamentos.
Ao tornar-se mais claro que a primeira tentativa de um antidepressivo pode não funcionar para muitos pacientes, “aparentemente precisamos prestar mais atenção a toda essa variada gama de tratamentos para aqueles que não respondem às primeiras tentativas de medicação”, disse o Dr. Michael Thase à Reuters Health. O psiquiatra da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia participou em alguns dos estudos que sugerem que a terapia pode ser benéfica (Entretanto, ele não participou do estudo de Trivedi). 

Fator preço
Para alguns pacientes, porém, o acesso à terapia é mais difícil e caro do que o uso de medicamentos, que se tornaram mais baratos com a entrada dos genéricos no mercado. Segundo dados da Wolters Kluwer Solutions, relatados na publicação americana Consumer Reports, em agosto de 2010, o custo médio da dosagem mensal de antidepressivos era de apenas US$19 (R$34, em janeiro/2011) no caso da fluoxetina (forma genérica de Prozac), US$26 (R$46, em janeiro/2011) da sertralina (Zolof) e US$35 (R$62, em janeiro/2011) do citalopram (Celexa).
A terapia custa mais do que a medicação, pelo menos em curto prazo. E os planos de assistência médica costumam impor limitações aos reembolsos. Mas, Trivedi afirma que, em longo prazo, a terapia pode realmente valer o seu custo. “Pacientes sob uso de antidepressivos acabam tomando este tipo de medicamentos a vida inteira”, disse ela. Já a terapia costuma ocorrer por alguns meses, ou, às vezes, por alguns anos, e é interrompida quando os sintomas desaparecem.
Thase diz que a conclusão é que a escolha do tratamento deve girar em torno da preferência do paciente. Nos estágios iniciais de depressão crônica, “o tratamento (ou a combinação de tratamentos) desejado deve ser escolhido e mantido. Se não são observadas melhoras depois de três meses, aí então devemos considerar outra opção”.
Trivedi concorda que pessoas que sofrem de depressão devem tentar estar em harmonia com o tipo de ajuda que necessitam e gostariam de receber e não perder as esperanças de melhorar. Ela diz que aqueles que sofrem de depressão crônica não devem desistir. “Se você não sentir-se melhor com o primeiro tipo tratamento, você não é o único”.

Por Genevra Pittman
Tradução: Claudia Batista Arantes

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