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sábado, 9 de março de 2013

IMAGINAÇÃO.../ Célia Portes

Quando eu era criança, havia um parquinho de diversões permanente. Era de uma péssima manutenção, e hoje em dia fico imaginando, como seria possível nunca ter havia um acidente. Para nós crianças não importava isso, o que na verdade queríamos era nos divertir. Nele havia um carrossel com oito cavalinhos, de variadas cores de olhos e crinas. Mas em um deles, essas cores não poderiam ser vistas, porque nele, lhe faltava a cabeça. Ninguém queria andar no cavalinho sem cabeça, ele sempre era rejeitado e deixado de lado. Mas para mim ele era especial, muito especial, e era sempre o meu escolhido, mesmo que na correria de chegar e montar logo nos cavalos para que começasse de imediato o divertimento iminente e tão esperado, eu chegasse na frente. Mesmo na liderança da correria, ele era o meu favorito. O que causava grande espanto aos amigos. Eu o adorava, no lugar de sua cabeça somente havia duas hastes de ferro para que quem o ocupasse, pudesse nele se segurar. Ao subir nele, minha mente começava a divagar, se soltava, ia longe, e eu ficava imaginando, como seria sua cabeça. Aquela cabeça ausente, a que faltava, levava minha mente para um mundo cheio de possibilidades e de "Se's" Se ele tivesse uma cabeça, como seria ela? Se ele tivesse uma crina, qual seria a cor? Uma vez que cada cavalo tinha a sua, pintada nas mais variadas cores. Azul, amarelo, vermelho, verde, marrom... Qual seria a cor da crina do meu querido amigo? Minha mente se forçava a imaginar também, qual seria a cor de seus olhos, que nos outros, eram divididas em três cores: verde, azul e marrom. E enquanto o carrossel rodava, tocando uma musica que mais parecia sair de uma caixinha de musica, e não dele propriamente, eu me divertia. Me divertia não, pela cadência da musica, ou tão pouco pelo rodar continuo do carrossel, mas por minha imaginação que ia pra longe a imaginar tais quesitos. E eu, só imaginava, como seria as cores da cabeça de meu cavalinho... Essa resposta, eu jamais terei, as respostas pra ela só viverão e serão respondidas por minha imaginação. Somente minha imaginação serão detentoras de tais respostas. Assim como no carrossel, minha mente fica imaginando, como seria minha vida sem as violências que me foram destinadas nessa vida... Será que eu seria uma pessoa diferente? Será que eu não teria tantos problemas de saúde? será que essa angústia que habita no meu peito não existiria? Será que eu teria menos manias, que me cobraria menos perfeição? Que me perdoaria por uma culpa que nem sei porque a sinto? Que seria mais complacente comigo mesma? Que essa vontade que bate as vezes de arrancar a minha carne dos ossos, deixaria de existir? Será que eu seria feliz? A resposta para essas minhas perguntas, bem como as perguntas para saber sobre as cores da cabeça do meu cavalo do carrossel, vão ficar do mesmo modo... Somente em minha IMAGINAÇÃO...

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