Uma de cada dez brasileiras vítimas do crime identificadas no país trabalhava em ambiente doméstico e em condições análogas à escravidão
No final de fevereiro, uma missão do governo federal, composta por representantes de quatro ministérios, esteve em Roma e Milão para ajustar com as autoridades locais detalhes de um plano de cooperação para o enfrentamento ao tráfico humano. A Itália é um dos principais destinos de vítimas desse tipo de crime. “Nos últimos 2 anos, 128 brasileiros e brasileiras foram identificados em operações da polícia italiana”, afirmou Paulo Abrão, secretário Nacional de Justiça, à Marie Claire Online. “Uma de cada 10 vítimas vivia em ambiente doméstico e em condições análogas à escravidão. Também foram descobertos casos de casamento servil e de exploração sexual de travestis”.
Entre as traficadas, há mulheres que foram levadas para trabalhar como domésticas e acabaram em reclusão absoluta. Sem contato com o mundo exterior. Abrão ressalta que combater essa modalidade do crime é mais complicado porque as vítimas permanecem longos períodos em ambientes privados e, em geral, desconhecem seus direitos trabalhistas. O secretário explica que, além das vítimas escravizadas pelos patrões, há um outro importantte contingente de mulheres exploradas pelos companheiros naquele país. Algumas trabalhavam no mercado do sexo no Brasil e foram atraídas com a promessa de casamento. Na Itália, foram obrigadas pelos companheiros a continuar se prostituindo para bancar as despesas da casa.
Fugir desse tipo de situação não é tão simples e se torna ainda mais difícil quando há filhos envolvidos na relação. Uma das maneiras de os exploradores obrigarem as mulheres a ficarem na Itália é impedindo que a dupla nacionalidade das crianças seja registrada. “As mulheres que conseguem se desvincilhar dos companheiros, muitas vezes, têm de permanecer no país porque não podem vir para o Brasil com os filhos”, diz Abrão. “Essas vítimas são seduzidas com promessas amorosas e de casamento. Mas quando chegam lá descobrem que a pessoa que imaginavam ser um companheiro de vida não é o que elas imaginavam”.
Postou: Claudia Sobral
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