Esse blog não trata só de abusos, principalmente sexual. Há um segundo blog com os depoimentos. É claro que o tema é relevante, mas o blog trata de outros temas diversos, principalmente culturais.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
FELIZ NATAL E UM ÓTIMO ANO DE 2011
DESEJO A TODOS OS AMIGOS UM FELIZ NATAL, COM MUITA PAZ E HARMONIA...E UM ÓTIMO 2011, COM MUITAS ALEGRIAS, REALIZAÇÕES, PROSPERIDADE E SUCESSO!!!
domingo, 19 de dezembro de 2010
Filhas da Vitória
Recebo dezenas de e-mails por mês, cerca de 40 a 60. Todos contando, compartilhando os seus dramas, as suas angústias. São as Filhas e os Filhos do Silêncio. Sim, também há homens. Contabilizando, tenho centenas de depoimentos, 99.9% pedindo sigilo absoluto, o que eu faço questão de respeitar. No meu blog "Depoimentos / Filhas do Silêncio", tenho apenas 5, contando com o meu, Gostaria de ter mais 10 ou mais 20. Mas entendo e o tempo fará a sua parte...
São pessoas que me escrevem para desabafar. Muitos, antes de contar a sua história, fazem de tudo para certificar-se de que ela não será divulgada. Essa é a minha ética pessoal: respeitar. Pois sei muito bem o que é se expor e as consequências disso. Por isso, também tenho as minhas regras... A maioria, 99%, conta o seu drama e eu procuro ajudar. Trocamos alguns e-mails e, quase sempre, eles agradecem por desabafarem e por serem compeendidos. E depois vão "embora"... São pessoas sofridas, mas muito, muito corajosas. Pena que muitos não percebem isso. Recebo também e-mails dos familiares dos abusados, perguntando como deveriam agir. Pouco posso ajudar nesses casos, além de oferecer a minha solidariedade.
O ano está terminando. Tenho mania de contar o tempo de duas maneiras: a partir do meu aniversário e a partir do primeiro dia do ano. Faço as minhas reflexões e penso naquilo que desejo para mim e para a minha vida. Está chegando um novo ano. E nesse ano quero, faço questão de lutar muito pela minha causa. Mais do que isso: ajudar mais. Quero conseguir mais depoimentos, para publicar um livro e, assim, mostrar essa dura realidade. Porque todos os dias há casos novos, mas as pessoas veêm, sentem pena e depois esquecem...A violência, em geral, chegou ao nível tão grande, que as pessoas simplesmente ficam indignadas no momento, mas depois apagam da mente. Vou lutar sim, nem que for sozinha. Aliás, já estou fazendo isso. Vou provar, principalmente à minha família, que fui a vítima e fui nigligenciada por eles. Já estou tomando as providências...Sei que vai demorar, que não vai ser fácil. Mas uma das lições que aprendi é que o pior não é a omissão de outras pessoas. Mas sim, a própria omissão!
Escrevi esse texto especialmente para todas essas pessoas que compartilharam comigo uma parte (bem dolorosa) de sua vida. Agradeço imensamente pela confiança e, quero dizer que, sempre estarei (sei que é virtualmente) pronta para ouvir e ajudar. Desejo a todos vocês muita força, paz, harmonia e luz. Desejo que esse novo ano vos traga muitas esperanças e realizações. Mas o principal que eu quero dizer é que vocês não são apenas Filhas / Filhos do Silêncio: vocês são FILHAS / FILHOS DA VITÓRIA!!! Beijos no coração de cada um.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
Morre lentamente... / Pablo Neruda
Morre lentamente...
...quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Quem se transforma escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com que não conhece.
Quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pingos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pingos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho;
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho; quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho; quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar... Estejamos vivo, então!
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar... Estejamos vivo, então!
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Um ano do Blog
Dia 08, agora, meu blog completou um ano. Comecei com muitos erros e, aos poucos, fui os corrigindo. Consegui ajudar e dar esperança para alguns; cresci como pessoa e mulher; conheci milhares de amigos virtuais, vários se tornaram amigos de coração.
Mas não foi somente o blog que mudou a minha maneira de ser. O orkut, as comunidades, o facebook e a página do mesmo também.
Nesse ano tantas coisas aconteceram: além dos amigos virtuais, fiz amigos reais. Perdi um deles...Perdi também o meu grande companheiro canino, mas ganhei outro, que aprendi a amar com todo o meu carinho. Mudei de cidade, de Estado. Precisei dizer adeus às pessoas queridas. Mas conheci outras...Recomecei a minha vida...
Mas a mudança principal foi a interior. Aprendi a não julgar, a perdoar, a compreender e a esperar. Aprendi a dizer NÃO (antes eu cedia em tudo) e com isso, ganhei respeito. Aprendi que um pouco de orgulho...um pouco...não faz mal, pelo contrário, faz a estima subir. Aprendi a compartilhar, principalmente os meus sentimentos. Hoje me sinto mais forte e determinada. Ainda tomo remédios para depressão, fobia social e ansiedade. Ainda fico deprimida e triste. Minha autoestima continua lá embaixo, mas procuro não ligar muito, ser eu mesma e não se trancar dentro de casa. Aprendi a cobrar menos dos outros e menos de mim mesma. Aprendi que é melhor plantar a semente, mesmo que ela não brote, do que desperdiçá-la.
Agradeço não só aos amigos, mas também aos inimigos, pois por eles que iniciei essa jornada. Para definir a minha inocência; para afirmar que fui uma vítima; para provar que não "matei" o meu pai...
E espero, daqui em diante, crescer cada vez mais como ser humano e espiritual. Ajudar, lutar contra toda e qualquer violência, denunciar, e assumir a minha própria identidade, deixando a Bya continuar...porém dando toda ênfase à minha pessoa real. Como já disse, não posso e nem devo desvincular a Bya (pseudônimo) de mim. Somos a mesma pessoa, mas é a Bya que é a referência para muitos.
Nesse final de ano vou festejar, pois em anos, tenho motivos para isso. Posso olhar para trás e ver que censegui construir algo. Já não me sinto velha aos 43 anos. Ao contrário, sinto muita vontade de realizar várias coisas, vários sonhos, que me foram negados pelas pessoas que deveriam me proteger.
Mas, principalmente, devo esse ano de crescimento à minha família (meu marido e meus filhos).
Obrigada a todos por tudo, com todo o meu carinho!!!
Mas não foi somente o blog que mudou a minha maneira de ser. O orkut, as comunidades, o facebook e a página do mesmo também.
Nesse ano tantas coisas aconteceram: além dos amigos virtuais, fiz amigos reais. Perdi um deles...Perdi também o meu grande companheiro canino, mas ganhei outro, que aprendi a amar com todo o meu carinho. Mudei de cidade, de Estado. Precisei dizer adeus às pessoas queridas. Mas conheci outras...Recomecei a minha vida...
Mas a mudança principal foi a interior. Aprendi a não julgar, a perdoar, a compreender e a esperar. Aprendi a dizer NÃO (antes eu cedia em tudo) e com isso, ganhei respeito. Aprendi que um pouco de orgulho...um pouco...não faz mal, pelo contrário, faz a estima subir. Aprendi a compartilhar, principalmente os meus sentimentos. Hoje me sinto mais forte e determinada. Ainda tomo remédios para depressão, fobia social e ansiedade. Ainda fico deprimida e triste. Minha autoestima continua lá embaixo, mas procuro não ligar muito, ser eu mesma e não se trancar dentro de casa. Aprendi a cobrar menos dos outros e menos de mim mesma. Aprendi que é melhor plantar a semente, mesmo que ela não brote, do que desperdiçá-la.
Agradeço não só aos amigos, mas também aos inimigos, pois por eles que iniciei essa jornada. Para definir a minha inocência; para afirmar que fui uma vítima; para provar que não "matei" o meu pai...
E espero, daqui em diante, crescer cada vez mais como ser humano e espiritual. Ajudar, lutar contra toda e qualquer violência, denunciar, e assumir a minha própria identidade, deixando a Bya continuar...porém dando toda ênfase à minha pessoa real. Como já disse, não posso e nem devo desvincular a Bya (pseudônimo) de mim. Somos a mesma pessoa, mas é a Bya que é a referência para muitos.
Nesse final de ano vou festejar, pois em anos, tenho motivos para isso. Posso olhar para trás e ver que censegui construir algo. Já não me sinto velha aos 43 anos. Ao contrário, sinto muita vontade de realizar várias coisas, vários sonhos, que me foram negados pelas pessoas que deveriam me proteger.
Mas, principalmente, devo esse ano de crescimento à minha família (meu marido e meus filhos).
Obrigada a todos por tudo, com todo o meu carinho!!!
domingo, 5 de dezembro de 2010
Os filhos dos abusados
O que acontece com os filhos de abusados? Somente duas coisas: ou conhecem a verdade ou permanecem na ignorância. No meu caso, optei pela verdade. Principalmente pela puberdade precoce da minha filha e da rápida mudança do seu corpo. Não poderíamos mais permitir ela ver o avô, mas precisávamos dar uma explicação, já que eles tinham adoração por ele. Sim, meu pai que me violentou e sempre me aterrorizou, era um ótimo avô.
Consultamos psicólogos e eles foram unânimes em relação a verdade. Explicamos para as crianças o porquê não iriam mais ver os avós. A reação foi imediata...Meu filho repudiou o avô, ao ponto de não aceitar mais presentes dele e dizer que o avô para ele estava morto. Minha filha amadureceu depressa demais...Foi o preço que tivemos de pagar.
Quando meu pai faleceu, nenhum dos dois chorou ou teve qualquer reação. Nunca mais falaram nele. O bom de toda essa história é que eles entenderam o porquê da minha depressão e das minhas doenças. E me ajudaram...a cada dia...aos poucos a me reerguer.
Acho que precisamos ser sinceros com os nossos filhos, pois a sinceridade é confiança e a confiança é amor. Meus filhos atravessaram momentos difíceis e traumatizantes, mas superaram. Em nenhum momento o fato de saberem a verdade os prejudicou na escola. Continuaram e continuam entre os primeiros. São bem informados, politizados, porém muito amadurecidos para a idade. Mas sabemos que a verdade lhes fez bem e eles sabem que sempre podem confiar na gente, assim como nós confiamos neles.
Não sei como outros casais convivem com isso (casais, cujo alguém foi abusado). Porém a verdade promoveu a união da nossa família, semeando paz, respeito e amor.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Ser Mãe
O que é ser mãe? De verdade? Quantas já se fizeram essa pergunta e não conseguiram obter a resposta satisfatória? Ser mãe é parir...ou ser mãe é amar? Amar incondicionalmente. É tão fácil parir e depois abandonar. É tão difícil abrir mão de tantas coisas, das saídas, viagens e, até da carreira. Mas a verdadeira mãe não é aquela que é somente biológica. A verdadeira mãe é aquela que ama, que cuida. Que faz sacrifícios por um ser, que se doa, que compreende, ou pelo menos, tenta.
Estou aqui para contar como é a minha mãe. Pois todos exaltam a figura materna e deixam de enxergar fatos absurdos. A minha mãe me rejeitou e abandonou aos 12 anos. Ela sabia sobre os abusos do meu pai (apesar de negar esse fato), mas sempre ficou ao lado dele. Sempre me agrediu verbalmente, me humilhou e se omitiu. Nunca soube o que era confiar numa mãe...contar segredos e descobertas de adolescente; receber carinho... Mesmo hoje, aos 43 anos, ela ainda me agride verbalmente, ao ponto de eu ficar doente. E por que ainda convivo com ela? Não sei. Talvez esse "cordão umbilical" que nunca se rompe entre uma mãe e uma filha. Talvez por ela ter 70 anos.
Quando cheguei de Porto Velho, tive uma longa e franca conversa com ela. Mas assim mesmo, ela negou os abusos do meu pai, disse que consultou uma psiquiatra que lhe disse que eu era psicótica. Que profissional é essa que dá um diagnóstico sem ter nunca conversado comigo ou ter me visto...?
Por causa da rejeição, da agressão verbal e da omissão praticados pela minha mãe, sofro de ansiedade, depressão e fobia social. Tenho fortes suspeitas de médicos de ter Síndrome de Cushing e a ansiedade causa taquicardia e tremor nas mãos. Tenho problemas alimentares (passo muito tempo sem comer) e insônia. Tomo seis tipos de remédios diferentes, que muitas vezes me deixam prostrada e de cama.
E sabem o que a minha mãe diz de tudo isso? Que as minhas doenças são inventadas, que as finjo (apesar de diagnósticos médicos) e que sofro de problemas mentais...sem comentários...
Por muito tempo evitei de ser mãe, com medo de repetir nos meus filhos as agressões sofridas. Graças a Deus, foi tudo bem diferente. Sou uma mãe liberal e participativa. Os meus filhos só recebem elogios e são ótimos alunos, sem eu precisar cobrar sequer lição de casa. São responsáveis, maduros e, ao mesmo tempo, "moleques". Sempre dei mais valor à vida cultural, do que ficar fazendo comida, ou seja, cotidiano. São crianças saudáveis e com inteligência acima da média (fato já comprovado). Eu sei que sou responsável por uma parte disso e me sinto realizada e feliz!
Essa semana, meu médico, a psicóloga e a psiquiatra chegaram a mesma conclusão: devo manter distância da minha mãe, o que já deveria ter feito há tempos. Sem visitas, sem telefonemas. Só assim poderei concluir a minha melhora, pela qual estou lutando há pelo menos 15 anos.
Escrevi esse texto e o estou compartilhando, para desabafar. Pois apesar de toda violência que sofri, não sou violenta, perdôo fácil e tenho dificuldades a dizer não. Estou aprendendo a dizer não agora. Estou me tornando mais forte, aprendendo a me amar e a me respeitar. Crescendo como pessoa, como indivíduo.
Mas o que quis dizer, principalmente, com esse texto, é que apesar dos abusos do meu pai, ele conseguia demonstrar mais amor e compreensão que a minha mãe...
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