Páginas

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.
Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.
Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.
Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,
mas deixai
cada um de vós estar sozinho.
Assim como as cordas da lira
são separadas e,
no entanto,
vibram na mesma harmonia.
Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.
E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.
Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.
E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.
-Khalil Gibran 
Foto – Pintura de Gibran


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ATAQUES: REDES SOCIAIS / JusBrasil

POSTADO PELA COMUNIDADE REDE SOS BRASIL

Antes de tomar qualquer medida, você deve saber com exatidão qual é o seu problema. As dores de cabeça mais comuns para os que navegam no Orkut e Facebook são:
Perfil Falso (Fakes) - Se criaram um perfil falso (fake) para você, usando fotos suas, simulando recados, coisas assim, você está sendo vitima de um falsário, que comete o crime de falsidade ideológica.
Ataques Pessoais - Se estão promovendo ataques pessoais contra você, como xingamentos, provocações, fofocas, você está sendo vítima de injúria e difamação. Este crime pode ser cometido no seu perfil, em uma comunidade, por e-mail, nos scraps ou em um perfil falso (fake) para você. Neste caso, juntam-se os dois delitos (injúria e difamação + falsidade ideológica).
Acusações - Se estão acusando você de cometer qualquer tipo de ato irregular, como um crime ou contravenção, você está sendo vitima de calúnia. Este crime também pode ser cometido no seu perfil, em uma comunidade, por e-mail, nos recados ou em um perfil falso (fake) para você. Neste caso, juntam-se os dois delitos (calúnia + falsidade ideológica).
Quase sempre, as calúnias estão acompanhadas de injúrias e difamações, e muitas vezes até se confundem ou fundem. Nestes casos, juntam-se os dois delitos na tipificação do crime. Vale lembrar que, ao acusar alguém de cometer uma calunia contra você, ele terá o "ônus da prova", ou seja, poderá provar o que disse em juízo, e ter a condenação abrandada ou até mesmo ser absolvido.
Segundo: Reúna provas
Se você já sabe exatamente que tipo de crime estão cometendo contra você, é hora de reunir provas de que o fato realmente aconteceu. Nesta etapa, é bom contar com apoio de alguém que entenda um pouco de informática.
O tipo mais básico de prova dos crimes na internet é a url exata, ou seja, o endereço das páginas em que os crimes aparecem. Para obter essa URL, basta você observar a barra de endereços do seu navegador no momento em que estiver bem na página criminosa. Geralmente os urls começam com "http://"... Nos casos de páginas dinâmicas, como o Orkut. Com ou Facebook. Com, são códigos numéricos que identificam cada página, assim, você deve copiar exatamente todos os caracteres que aparecem na barra de endereços (fica na parte de cima do seu programa de navegar na internet).
Com o endereço exato em mãos, você pode fazer cópias impressas das páginas onde estão os crimes. Essa é uma prova controversa, porque antes de imprimir e fácil alterar as páginas, mas com um pouco de conhecimento, é possível imprimir exatamente os códigos das paginas com a data exata da impressão e hora. Vale a pena ter as impressões, porque são forma de mostrar concretamente os delitos, e isso ajuda muito num eventual processo.
As testemunhas também são interessantes. Reuna pessoas que podem e se dispõem a ir até uma delegacia ou à frente de um juiz contar o que sabe dos fatos. Lembre-se que parentes são testemunhas com menos força do que pessoas alheias aos fatos. Vale ressaltar ainda que mentir ou forjar fatos perante a Justiça é muito, muito ruim mesmo! Além de ser crime grave...
A encontrar pessoas dispostas a se envolverem no problema como testemunhas, pegue todos os dados pessoais dessas pessoas, endereço completo e até um pequeno depoimento assinado, que pode ajudar na hora de montar um processo.
Terceiro: Tente resolver mais uma vez
Nem é preciso lembrar que uma demanda judicial é dor de cabeça que deve ser usada apenas em último caso. A Justiça Brasileira é morosa. Por isso, tente resolver antes conversando, falando com os pais ou responsáveis, no caso de crianças e adolescentes, ou ainda falando diretamente com os sites nos quais os problemas estão ocorrendo.
Partindo para a Justiça
Estabeleça um prazo para que o problema seja resolvido de forma amigável. Passando esse tempo, você pode procurar uma delegacia de polícia civil para registrar uma ocorrência, ou partir diretamente para uma ação judicial.
No caso de registrar um B. O., será instaurado um inquérito que terá 30 dias para avaliar os fatos, reunir provas, ouvir testemunhas e etc... Ao final, o delegado deve conseguir tipificar o crime, ou seja, definir que tipo de delito foi cometido, e apresentar uma denúncia criminal.
Se você partir diretamente para a Justiça, tente procurar os Juizados Especiais, do tipo "pequenas causas", porque são menos enrolados. Primeiro, você deve entrar com uma ação criminal, ou seja, que comprove que um crime foi cometido contra você. Depois, se quiser, você pode entrar com uma ação cível, em que pode até ganhar uma indenização pelo constrangimento e prejuízos que sofreu.
Uma boa dica é entrar com o pedido já solicitando que a indenização seja toda direcionada para uma entidade sem fins lucrativos que precisa de ajuda. É um jeito de mostrar que você não é apenas um picareta atrás de grana... (É claro que a indenização é um direito legítimo quando decidida pela Justiça, e nem todos os indenizados são picaretas. Nem os advogados deles...)
Modelo de carta com reclamação oficial para o Orkut e Facebook
No site Safer Net Brasil, que reúne um dos melhores conteúdos da net sobre o assunto, é possível encontrar um Modelo de Carta a ser enviada para o prestador de serviço responsável por hospedar o conteúdo ilegal ou ofensivo.
Estamos de olho...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Saiba como dar o 1º Passo para cuidar da sua Autoestima em 2015 / Maria Cristina Gomes - Psicóloga

Nathaniel Branden (1997), ph.D. em Psicologia, explica que autoestima é a confiança em nossa capacidade de pensar, em nossa habilidade de dar conta dos desafios básicos da vida e confiança em nosso direito de vencer e sermos felizes; a sensação de que temos valor, de que merecemos e podemos afirmar nossas necessidades e as metas que queremos alcançar, colhendo os frutos de nossos esforços.
A autoestima é formada por fatores internos que nós mesmos geramos, tais como crenças, ideias e comportamentos ou fatores externos provenientes do meio em que vivemos.
Quem tem uma autoestima saudável persiste diante das dificuldades, não se abate facilmente diante de problemas e obstáculos. Apresenta maior flexibilidade, criatividade, autonomia, habilidade para lidar com mudanças, disponibilidade para admitir (e corrigir) erros, benevolência e cooperação.
Por outro lado, a baixa autoestima relaciona-se a uma certa cegueira diante da realidade, rigidez, medo do novo e do não familiar, conformismo ou rebeldia impróprios; postura defensiva, comportamento por demais submisso ou supercontrolador, medo dos outros ou hostilidade em relação a eles.
Um homem e uma mulher que acreditam que o outro pode melhorar sua autoestima, se unem e acabam buscando no outro a extensão de seus próprios selfs. Com isso, acreditam que o outro é quem irá fazer por eles aquilo que eles mesmos não se sentem capazes de fazer.
De acordo com a terapeuta familiar Virginia Satir, “No contexto do casal, inconscientemente, cada um dos membros ajuda o outro a fazer o que estiver fazendo”. Ela ainda esclarece que “esse diálogo interno destrutivo muitas vezes se traduz em conflitos, que não passam de transações defensivas ligadas ao baixo nível de autoestima.” (SATIR, 1995, p.34).
Relacionamentos nos quais os dois envolvidos possuem baixa autoestima tornam-se mais frágeis. Geralmente o relacionamento vive de altos e baixos de forma contínua. O problema amplia quando acreditam que ter filhos é a solução. Pelo contrário, os conflitos tendem a aumentar, pois agora eles estarão também influenciando na autoestima da criança.
Quando os pais divergem nos desejos para os filhos, aí a situação pode ser ainda pior: o filho se vê no meio da relação e ficará extremamente angustiado com qualquer atitude, já que estará desagradando a um dos pais em prol do outro.
Um erro muito comum naqueles que tentam melhorar sua autoestima é passar a pronunciar mantras para si, geralmente repletos de frases daquilo que gostariam de ser. O problema é que isso pode gerar ainda mais frustração, já que você pode sentir-se mal por dizer ou se forçar a ser algo que ainda não se permite ou não aceita. Um exemplo é alguém que está acima do peso, se incomoda com isso e passa a dizer a si mesmo que está magro. Há uma incongruência que certamente irá incomodar seu eu interno.
O primeiro passo para melhorar a sua autoestima é começar a adotar atitudes práticas para mudar seu padrão de funcionamento. Se mirar no passado ou deixar que ele o defina, apenas se sentirá mais frustrado, pois o que está lá atrás não pode ser alterado. Independentemente do que passou, é possível mudar sua atitude no aqui e agora.
Defina para si o que precisa mudar, o que pode ser descartado da sua vida que fará você se sentir melhor. Trace pequenas metas e inclua na sua rotina novos rituais baseados em suas metas. Quando começar a caminhar, certamente se sentirá melhor e passará a valorizar suas pequenas conquistas. Lembre-se sempre de que grandes mudanças começam com pequenos passos. Que tal começar agora?
Referências:
BRANDEN, Nathaniel. Auto-estima e os seus seis pilares. São Paulo: Saraiva. 3.ed. 1997. 398p.
SATIR, Virginia. Terapia do grupo familiar. Rio de Janeiro: F.Alves. 1993. 296p.

SENTIMENTO DE CULPA / Elisabeth Nonnenmacher

Uma das coisas que mais nos afeta como consequência dos abusos sexuais sofridos na infância é o sentimento de culpa.
Gostaria de compartilhar com vocês sobreviventes as descobertas que fiz em minha busca para a cura e como me livrei deste terrível engano.
Primeiro, pensamos que somos as responsáveis por termos sido abusadas, muitas vezes por que pensamos que SE tivéssemos dito NÃO, isso teria feito alguma diferença.
Mas, temos que ter em mente que a diferença de força física e astúcia, bem como de desenvolvimento da maturidade entre o adulto e uma criança, são parecidas com um coelhinho e um lobo faminto. Que chances tem o coelhinho?
Dizer NÃO, não funciona assim como correr ou se esconder não resolvem. O adulto sempre encontra a criança e sempre controla o que deseja dela, ou desejava de nós.
No meu caso, eu estava sempre em busca da companhia do abusador pois, ele sendo meu pai, me dizia que eu era o maior amor que ele tivera e eu buscava esta certificação todos os dias, mas encontrava abuso sexual diariamente.
Como toda criança, somos motivadas pela esperança de que o adulto nos ame incondicionalmente, e eu não desistia de encontrar isso algum dia, sem que eu precisasse me submeter sexualmente. Assim, passei anos indo em busca do abusador e facilitando os abusos.
Entretanto, em nossa mente tão ingênua, também achávamos que o mundo girava em função de nossa existência e ao notarmos que perdermos o controle de nosso corpo, sentimos que perdemos o controle de nossa existência e esta aí um dos fatores mais fortes do abuso sexual da infância. O descontrole das reações do nosso próprio corpo.
Muitas vítimas se sentem hoje profundamente constrangidas e envergonhadas em admitir que gostavam das sensações das carícias, dos abraços, beijos e dos toques sexuais durante os abusos, mesmo que não entendêssemos o que estava acontecendo na época dos abusos. E é neste ponto que precisamos compreender a diferença entre o sentimento de CULPA e a VERGONHA que carregamos por tanto anos.
No sentimento de culpa, pensamos que eramos a CAUSA dos abusos. E quando tentamos os redimir desta culpa, não encontramos uma forma de fazê-lo pois, nosso corpo respondia aos estímulos do abusador. Mas, compreendi ao longo destes anos que, nosso corpo respondia a tais estímulos, da mesma forma que nossa língua sentia o sabor doce de uma fruta ou de um sorvete.
Mesmo considerando isso, sentíamos que nosso corpo nos TRAIA! E quando não conseguimos corrigir isso, pelo fato de ter acontecido no passado, nos sentimos ENVERGONHADAS de termos GOSTADO de algo que preferíamos não ter gostado pois, era ERRADO…era vergonhoso.
Assim, a VERGONHA é a CULPA de algo que NÃO conseguimos MUDAR. É o sentimento de algo que se torna parte de nós e que não podemos lavar nem cortar fora.
Quantas de nós se sentiram IMUNDAS? Quantas gostariam de ter arrancado a pele, para não SENTIR aquilo que sentimos?
Entretanto, hoje compreendo que o que era errado era o que o ADULTO fazia conosco e não o que sentíamos em nossa INGENUIDADE pois, as respostas do nosso corpo não passavam de REAÇÕES de um corpo SAUDÁVEL em que os estímulos nervosos funcionavam em perfeita harmonia ao responder a tais estímulos sexuais.
O que PIOROU a minha situação no passado, foi a base usada na terapia. Para quem frequentou mais de uma década de terapia como aconteceu comigo, ter que ouvir seguidamente as teorias de Freud serem jogadas na minha cara pelos terapeutas, só aumentaram ainda mais o meu sentimento de culpa e meu sentimento de revolta. Baixaram minha auto estima e me mantiveram DEPRIMIDA durante muitos anos.
Apresar dos terapeutas reconhecerem que o meu pai havia errado ao me abusar sexualmente, ter que ouvir um terapeuta dizer que eu queria ser a “namoradinha do pai” e que eu não tinha como negar que eu havia gostado do que ele fazia comigo e que EU o havia desejado a ponto de que meu corpo respondesse de forma prazerosa, era no mínimo um novo abuso emocional, desta vez no consultório de quem deveria me ajudar a me livrar deste pesadelo.
As teorias de sexualidade Freudianas simplesmente levantaram uma PAREDE na progressão da minha cura.
Minha mente buscava incessantemente por uma saída, como um ratinho de laboratório que corre em círculos dentro de uma gaiola. Minha ansiedade precisava se controlada. Assim como meu silêncio já vinha sendo controlado desde a infância, me colocaram mais uma mordaça.
E, sem conseguir encontrar uma saída, eu havia me livrado de uma escravidão para entrar em outra: As drogas anti-depressivas.
Isso, porque não havia argumentos que eu pudesse vencer, contra a “sabedoria” dos terapeutas que me apontavam como “conivente” com os abusos, para me livrar do sentimento de CULPA.
Cheguei ao ponto de me sentir até CULPADA de gastar tantos anos e dinheiro em tratamentos para tentar ficar revisitando os mesmos pontos, para chegar a um consenso de que eu teria que conviver com esta culpa pelo resto da vida pois, os fatos eram algo que eu NÃO podia MUDAR e que os especialistas me relembravam que eu havia gostado e até facilitado. Assim, como podia eu reclamar algo de errado que meu pai havia feito comigo se MEU CORPO era CÚMPLICE do que ele havia me feito? Eu preferia MORRER do que correr o risco de que alguém viesse a saber da minha VERGONHA!
Por isso, a coisa mais libertadora que me aconteceu foi deixar as terapias convencionais do Brasil e finalmente descobrir esta FARSA que nos aprisiona a estes sentimentos tão destrutivos e que vinham convenientemente sendo perpetuados contra vítimas de abuso sexual na infâcia como uma estratégia de destruição de nossa saúde e para controle das mentes de milhões de pessoas abusadas no mundo.
As incorretas teorias de Sigmundo Freud foram muito oportunas para as elites mundias da época que apoiaram o seu abrilhantamento profissional para suprimir a existência de um grande número de abusos infrafamiliares e grupos de pedofilia de então. Quando ele quis corrigir seu engano, ele foi abafado e apenas 5 de seus novos exemplares foram vendidos. Apesar disso, as teorias erradas foram as que seguiram por quase um século e até recentemente, propiciando abusos multifamiliares e beneficiando grupos de pedofilia, em detrimento das crianças que se tornavam adultos atormentados pela seu próprio sentimento de culpa.
Por isso gente, CONHECIMENTO é LIBERDADE. Passei anos em busca de respostas de algo que sempre achei que não estava certo e nunca desisti enquanto não encontrei algo que me fizesse sentir LIVRE deste engano, o qual tentaram me fazer carregar pelo resto da vida.
Hoje eu compreendo que a culpa não era minha, que meu corpo respondia porque era apenas saudável, que por ter sido negligenciada e assim abandonada pelos familiares, EU nada poderia ter feito para mudar nada e que por isso também a vergonha não era minha.
Compreendo o que aconteceu, porque e quem se beneficia disso.
Nada disso foi amor, nada disso foi por minha culpa e de nada disso devo me envergonhar nem posso mudar pois não fui eu quem causei nem desejei.
LARGUEI ESTA BAGAGEM!
Estou LIVRE do sentimento de CULPA e da VERGONHA.
E, compartilho as coisas que descobri pois, desejo abreviar o sofrimento de tantas outras pessoas de trilhar os longos anos que sofri.
Talvez vocês e outras sobreviventes consigam fazer o mesmo, se olharem para os fatos que envolveram os abusos, sob ângulos que apresentei acima.
Carinhosamente, de sobrevivente para sobrevivente.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Brasileira denuncia suposto crime de pedofilia contra filha de 7 anos nos EUA / Jornal do Brasil Cláudia Freitas

POSTADO PELA CLAUDIA SOBRAL DA COMUNIDADE "BRASIL SEM PEDOFILIA".

Brasileira denuncia suposto crime de pedofilia contra filha de 7 anos nos EUA
Abusador seria o próprio pai biológico da criança, acusado de outros crimes sexuais no país
Jornal do Brasil
Cláudia Freitas
O drama de uma imigrante brasileira na Flórida, nos Estados Unidos, ganha destaque nas redes sociais esta semana, envolvendo a sua filha de 7 anos, supostamente vítima de pedofilia praticada pelo próprio pai biológico. A pernambucana Karla Janine Sarmento Martins de Albuquerque, de 43 anos, afirma que a sua filha está sendo abusada sexualmente por seu ex-marido norte-americano desde 2010, ano em que a mulher diz ter descoberto que o seu parceiro tinha antecedentes criminais por abuso sexual de outras meninas, inclusive uma enteada do casamente anterior. Na época, a filha tinha 3 anos de idade. Registros policiais de autoridades na Flórida mostram fotos dele como "fichado" por molestador sexual de menores.
Karla conta que desde o momento em que ficou sabendo do passado violento do seu ex-marido, procurou reunir o máximo de provas contra ele e entregou documentos ao Departamento de Polícia Stuart, pequena cidade em que ela reside até hoje na Flórida. Uma investigação teve início, mas parou sem qualquer resolução. A mãe da criança afirma que exitem documentos que comprovam as ações suspeitas do pai, como um registro policial datado do dia 8 de agosto de 2010, feito por ela contando como aconteceu o suposto abuso, um outro registro do 'Department of Children and Family', órgão equivalente ao Juizado de Menores no Brasil, comprovando através de laudo o abuso sexual, além de um relatório de psicóloga licenciada que tratou da menor durante 10 meses, contratada pelo programa especial para vítimas de abuso sexual no estado da Flórida, que também atesta positivamente para o crime. Segundo Karla, as roupas usadas pela filha nos dias dos supostos crimes foram entregues à polícia americana, mas nunca passaram por uma perícia.
A mãe da criança afirma que os abusos ocorreram durante visitas sem supervisão, ordenadas pelo Juiz da Corte onde corre o caso, em Stuart. O pai tinha o direito de visitar a filha três vezes por semana, às terças, quintas, durante duas horas e meia, e aos sábados, das 9 horas às 19 horas. "Eu fui forçada a cumprir esta ordem judicial, ou teria sido presa muito antes, com a mesma acusação, descumprir ordem da corte. Está é minha atual acusação, e não sequestro como muitos falam", conta.
Sem apoio da polícia, Karla resolveu ir para o Texas, sem autorização judicial, o que levou a sua prisão em janeiro do ano passado, acusada de infringir as regras de visitação permitidas ao pai da criança. Com a prisão da mãe, a filha ficou sob os cuidados de entidades de proteção ao menor no Texas, até sair uma determinação da Justiça concedendo a guarda dela para o pai.
Em entrevista ao Jornal do Brasil, Karla explica que, atualmente, cumpre condicional de 18 meses, após ser presa por duas vezes por infringir a lei enquanto tentava afastar a criança do seu suposto agressor. Karla tem direito, por lei, de visitar a sua filha aos sábados, durante uma hora e meia, com supervisão do Estado. "Somos proibidas de falar qualquer outra língua que não seja o inglês. Mas passei mais de cinco meses sem ter nenhuma notícia dela", conta a mulher. Para Karla, o único caminho para reaver a custódia da filha é através de uma representação jurídica competente, capaz de apontar possíveis pontos ilegais e incorretos ocorridos durante o processo. "Não há Defensoria Pública na Vara de Família [na cidade de Stuart] e contratar um advogado particular significa ter de pagar um valor que eu não tenho. Por isso que procurei o auxílio do Consulado, da Embaixada, do MRE [Ministério das Relações Exteriores] e do governo brasileiro", destaca ela.
Karla reclama do atendimento que recebeu no Itamaraty. "O que escutei do representante do Consulado de Miami foi que eles são neutros, que a causa é julgada, que eu me comportasse, ficando calada e parando de postar coisinhas na internet, parasse de fazer campanhas e abaixo assinados e, finalmente, que eu tinha de esperar novos fatos", conta a mãe, questionando ainda: "Terei que esperar a minha filha ser abusada novamente?". Segundo Karla, uma carta detalhando o caso e a sua situação nos Estados Unidos também foi encaminhada à presidente Dilma Rousseff, em uma das visitas da chefe de estado em Recife.
Com o tempo que ficou foragida no Texas, Karla perdeu o seu contrato de aluguel e hoje mora na casa de amigos, além de receber apoio de entidades religiosas. Ela enfatiza que a sua prioridade é a segurança da filha, independentemente do país ou local que ela esteja. "Não sei se nos enquadraríamos na Convenção de Haia [se referindo a um possível retorno ao Brasil], que fala sobre repatriação em casos de violência, visto que minha filha nasceu aqui [nos Estados Unidos]. Para tanto, também é necessária uma orientação jurídica especializada em direito internacional", destaca.
Ao ser perguntada sobre um perfil da sua filha, Karla descreve uma criança forte, apesar do cenário crítico. "Alegre, inteligente, sincera, verdadeira e forte, muito forte. Se alguém está sendo forte nesta situação absurda, é ela. Uma criança de apenas 7 aninhos, punida por ser vítima de um crime. Uma criança abusada, condenada a viver com o seu próprio abusador", diz a mãe.
Entidade brasileira organiza petição que pede intervenção imediata do Itamaraty
No Brasil, o caso ganhou repercussão através do projeto Brasil Sem Pedofilia, desenvolvido através das redes sociais com apoio às vítimas de abuso sexual. "A decisão da Justiça Americana é absurda. Independentemente de qualquer circunstância, o direito da criança tem que ser assegurado", considera a coordenadora do projeto, Cláudia Sobral, que está divulgando desde outubro, através da página oficial do Brasil sem Pedofilia na internet, uma petição pública online, pedindo um posicionamento do Itamaraty. Segundo Sobral, mais de 100 mil pessoas já assinaram o documento.
"Temos acompanhado o caso desde outubro do ano passado, quando a mãe e a avó nos pediram ajuda. Tentamos contato com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e não obtivemos atendimento. O Consulado do Brasil nos EUA não está amparando em nada nessa questão e o Itamaraty também não se pronuncia", afirma Sobral. Com uma larga experiência em casos desta natureza, Sobral avalia que os danos para uma criança que vem sendo sistematicamente abusada sexualmente e deixada nas mãos do próprio algoz são terríveis.
"Ela está emocionalmente abalada, com muito medo. Nas conversas com a mãe fala somente sobre temas que não envolvam a convivência com o pai ou sua vida pessoal. Está super magra e descuidada. O pior é o dano emocional. Estatisticamente, uma criança abusada na infância tem uma grande possibilidade de se tornar um abusador na vida adulta. Há muitos casos de pessoas abusadas na infância que na vida adulta, mesmo com tratamento especializado continuado, tem problemas de insônia, alcoolismo e muitos desenvolvem Síndrome de Boderlaine. Os danos são praticamente irreversível", analisa Sobral, que trabalha com uma equipe multidisciplinar no seu projeto.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou em nota que tomou conhecimento da detenção de Karla Janine, no Texas, em 21 de janeiro de 2014. De acordo com o comunicado, o Consulado do Brasil em Houston contatou a brasileira, para verificar a sua situação pessoal e do registro de nascimento da sua filha, com o intuito de garantir à criança condições como cidadã brasileira. "Foi realizada, também, visita consular à menor, que se encontrava sob a guarda do Estado do Texas. Constatou-se que a criança se encontrava bem de saúde e em bom estado de espírito. O Consulado manteve contato telefônico constante com a cidadã, sempre com o intuito de atender às suas demandas. A menor teve sua guarda retirada do Estado do Texas, regressando à Flórida para residir com o pai, após a investigação policial ter concluído que não houve abuso por parte do pai da criança", diz a nota.
A partir daí, o Consulado em Miami, segundo o ministério, ofereceu auxílio financeiro para o retorno de Karla à Flórida, mas a ajuda foi recusada. "O Posto tentou ainda outros contatos com a senhora Albuquerque, com vistas a remarcar a reunião, sem sucesso. A Repartição consular brasileira em Miami tentou obter informações a respeito da filha com o advogado do pai e com o Department of Children and Family Services. Ambos os interlocutores se recusaram a transmitir informações", diz o texto.
Em 15 de setembro do ano passado, ainda segundo o ministério, o Consulado designou dois funcionários para acompanhar a última audiência de processo civil envolvendo a brasileira. "É importante ressaltar que, segundo a Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963, as Repartições consulares brasileiras no exterior não estão habilitadas a representar cidadãos brasileiros em Juízo, nem podem ser parte em processos judiciais. Nem o Consulado em Miami nem a Embaixada do Brasil em Washington têm, portanto, competência legal e jurídica para interferir nos processos judiciais que envolvem a senhora Albuquerque", esclarece. O Ministério das Relações Exteriores afirma que continua acompanhando o caso e prestando toda a assistência cabível a Karla.