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sexta-feira, 8 de junho de 2012

45 / Bya Albuquerque

Ao completar 42 anos, me sentia totalmente destroçada...um lixo. Não saía da cama, mal me alimentava, não dormia e não tinha vontade de nada. E então, pela primeira vez pensei em terminar com essa agonia e o único meio que conhecia era o suicídio. Não cheguei a tentar, mas seria muito fácil, com todos aqueles remédios a minha disposição + bebida alcoólicas. Mas o amor e a união familiar impediu-me de tal ato, pois me sentiria traidora depois de tanto carinho e apoio recebidos.
Há poucos dias completei 45. Que diferença...quantas mudanças!!! Ainda sofro de depressão, de insônia e fobia social. Fico semanas sem sair de casa. E a saúde física piorou. Mas o que melhorou foi a disposição, cresceu a esperança de sair desse fosso, de enxergar a luz no final do túnel. Pois antes nem mesmo o túnel eu enxergava...
Na verdade, o que mudou significamente nesses 3 anos foi o meu crescimento emocional. Já não me sinto inútil, consigo me valorizar mais, não tenho medo das opiniões dos outros sobre a minha pessoa e, principalmente, aprendi a dizer e a manter o NÃO. 
Conheci milhares de pessoas (virtualmente). A maioria me acolheu com carinho, alguns me machucaram e poucos me rejeitaram ou desprezaram. Aprendi respeitar o ser interior de cada um...suas maneiras de ser. E o mais importante: estou aprendendo a perdoar a mim mesma e aos outros. Vai levar tempo...mas pelo menos estou tentando.
Só quem passa por uma situação altamente violenta, brutal e estressante sabe como é difícil a caminhada, conhece os limites da vitória e tem noção que o stress pós traumático, que causa males físicos e emocionais, não tem cura. Por isso procuro viver um dia de cada vez e tem dado certo.
Só espero que durante mais esse novo ano de vida eu consiga dar vários passos, que eu consiga perdoar, que eu consiga me amar e respeitar e que eu consiga ajudar aos outros, que passam o que eu passo.



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