Páginas

domingo, 6 de junho de 2010

Sexo e batina

Padres precisam casar; não é justo deixá-los passar a vida em abstinência. Mas como seria para um padre começar?

Pelo que os fatos têm demonstrado, a pedofilia é doença, e doença incurável. Não adianta achar que a solução é ser tratado por psicólogos. É totalmente irreal imaginar que em um país como o nosso, onde as prisões são jaulas tenebrosas e superpopulosas, um pedófilo vai ser "tratado" e se curar; tanto quanto é delírio pensar em monitorar os presos que saem para passar o Natal com a família, fazendo com que eles usem a pulseirinha que permite o seu rastreamento. Prepare-se: a licitação seria dispensada, as pulseirinhas custariam uma fortuna e pouco tempo depois estariam à venda nos camelôs da cidade, com o manual de instruções ensinando a como driblar a polícia.
Os padres têm sido muito acusados de pedofilia, ultimamente, mas pense um pouco: jogar num seminário um garoto de 16, 17 anos, com os hormônios explodindo, e pretender que ele se mantenha casto para o resto da vida -não, isso não pode dar certo. É contra a natureza, e como é mais difícil para os padres seduzir mulheres, já que não convivem com elas, acaba sobrando para os garotos. Um belo dia, muito tempo depois, um deles resolve contar o que aconteceu na penumbra de uma sacristia e vira um escândalo. E os casos de que nunca vamos saber, que devem ser milhares?
Os padres precisam casar; não é justo deixá-los passar a vida em abstinência. Mas como seria para um padre começar um namoro? Convida para um chopinho, leva a garota para dançar? E motel depois, pode?
Eu conheço uma moça que namorou um padre; tudo começou por telefone, e ela gostou tanto, mas tanto, que dizia, para quem quisesse ouvir, que nada como um padre que tivesse guardado a castidade durante anos para acalmar as tensões, digamos assim, de uma mulher solitária.
A única coisa que ela não me disse (e eu esqueci de perguntar) é se ele usava batina.

.
Texto de Danuza Leão na Folha de São Paulo de 06/06/10

Um comentário:

  1. Concordo plenamente que a cadeia não "cura" ninguém. E está certíssimo que logo os camelôs estarão vendendo as tais pulseirihas por atacado...
    No meu entender, os padres deveriam se casar sim. Conviver com a família, com os filhos. Problemas do dia a dia, fazer amor... Tudo isso somente ajudaria às pessoas que os iriam procurar, pois o entendimento dos mesmos seria mais amplo e mais pessoal.

    ResponderExcluir