Costumo contar o ano a partir da data do meu nascimento...sempre foi assim. No último, não fiz o balanço da vida, pois ao fazer aos 42, quase cometi o suicídio. Estava vazia por dentro. Me sentia feia. Me senta velha. Quando completei 43, preferi não pensar, tive medo de que pouca coisa havia mudado. Mas hoje percebo que já naquela época, muitas mudanças ocorreram! Criei a comunidade "Filhas do Silêncio"; resolvi voltar para São Paulo; passei a me respeitar mais e não deixar que as pessoas me magoassem ou machucassem. Um ano que foi produtivo e abriu os caminhos para o ano seguinte.
Prestes a completar 44, faço o balanço com tranquilidade...Já não me sinto velha, aprendi a dizer não, aprendi a perdoar e a me perdoar; voltei para o lugar que tanto amo e fui forte quando precisei tomar as medidas para que essa mudança ocorresse...Entendi que fui a vítima e que, portanto, não deveria ter vergonha da minha condição de abusada. Emagreci e já não sinto tanta repulsa ao me olhar no espelho. Me sinto bem com a idade, madura, porém com esperanças de realizar várias coisas...como voltar a tocar piano, viajar, fazer a faculdade...E o mais importante: me sinto mais mulher, uma novidade para mim...
Mas o melhor de tudo foram as amizades que fiz. Não importa que sejam virtuais. Pois foram essas amizades que levantaram a minha moral, me fizeram sentir-se querida, me ensinaram a não me cobrar tanto...a relaxar. Muitas dessas amizades virtuais passaram para amizades de coração, verdadeiros irmãos, irmãs e mães (de coração), porém mais reais do que na realidade. Antes, ficava ansiosa de entrar no face, orkut, escrever no blog...me cobrava muito. Com o tempo fui conhecendo a história dos amigos, das lutas pelas suas causas, as suas amarguras e felicidades e, me senti totalmente integrada nessa comunidade, onde o propósito é o mesmo: o de AJUDAR!!! Sei quando devo parar, e sou respeitada ao fazer isso. Aprendi a dizer que não estou bem, que estou triste...e recebo uma carga enorme de carinho! Eu ia parar por uns dias, dar um tempo e percebi que já consigo dar um tempo sem me isolar. Pois antes me isolava completamente. Hoje em dia, apesar de fazer três semanas que não saio de casa, consigo conviver melhor comigo mesma...não perder a fé. E a maior lição de todas foi respeitar e compreender, não me chatear, a ter paciência e encontrar a fé no silêncio, saber perdoar e a ter piedade (não pena). Não posso dizer que superei as mágoas, certas repulsas e que estou 100% comigo mesma. Mas o meu propósito é VIVER, é melhorar, é crescer espiritualmente. Já não temo as pessoas, já as enfrento sem perder a calma, já consigo a acreditar que num ano desses vou me olhar no espelho e sorrir...pois estarei vendo e sendo uma pessoa feliz!!!